Petrópolis, Três Anos Depois: Obras Paradas e Promessas Vazias
- Marcus Modesto
- 17 de fev.
- 2 min de leitura
Três anos se passaram desde as chuvas devastadoras que atingiram Petrópolis em fevereiro de 2022, deixando quase 250 mortos e mais de 4 mil famílias desabrigadas. No entanto, a cidade ainda convive com a marca do descaso: 65% das áreas atingidas continuam sem obras de reconstrução ou com intervenções insuficientes.
O levantamento realizado pelo deputado estadual Yuri Moura (PSOL) revela uma dura realidade: a negligência do poder público em todas as esferas—municipal, estadual e federal—tem condenado milhares de petropolitanos a viverem sob o risco iminente de novos desastres. Locais como Caxambu, Rua Uruguai, Vila Militar, Floresta, Alto da Serra e São Sebastião continuam em situação crítica, sem qualquer perspectiva concreta de segurança para seus moradores.
Promessas não salvam vidas
A tragédia de 2022 foi um alerta brutal sobre a necessidade de políticas públicas eficazes para prevenção de desastres. No entanto, três anos depois, a burocracia, o desinteresse político e a ineficiência na gestão de recursos falam mais alto. Obras essenciais nunca foram iniciadas, enquanto outras, como as da Rua Nova e do Complexo da Rua Teresa, foram entregues incompletas e com falhas estruturais.
O caso do Túnel Extravasor, por exemplo, é emblemático da má gestão. A obra, que deveria minimizar o risco de enchentes, segue com erros técnicos graves, apontados tanto pela fiscalização parlamentar quanto pelo Ministério Público. Enquanto isso, as chuvas continuam castigando a cidade, e as famílias afetadas seguem abandonadas pelo poder público.
Falta de transparência e fiscalização falha
Apesar dos avanços pontuais, o quadro geral é de desorganização e lentidão. O Governo do Estado, que deveria liderar a reconstrução, acumula contratos atrasados e projetos empacados. A falta de transparência sobre os recursos destinados às obras é outro problema crônico. O deputado Yuri Moura denuncia que centenas de ofícios foram enviados exigindo informações, mas a resposta tem sido o silêncio ou justificativas vazias.
A criação de um observatório para monitorar a aplicação dos recursos é um passo importante, mas não resolve o problema da má gestão e da inércia governamental. Enquanto cada nível de governo empurra a responsabilidade para o outro, a população segue exposta ao perigo, sem saber quando poderá reconstruir suas vidas com segurança.
Até quando?
O cenário de Petrópolis não é um caso isolado. Ele reflete a cultura política brasileira de agir apenas quando a tragédia já aconteceu—e, mesmo assim, de forma lenta e ineficiente. O que está em jogo não é apenas a reconstrução de casas e ruas, mas a garantia de que novos desastres não ceifem mais vidas pela irresponsabilidade dos gestores públicos.
Três anos depois, o que se vê em Petrópolis é um retrato do abandono e do desprezo pelas vítimas. Obras inacabadas, promessas não cumpridas e um jogo de empurra-empurra entre governos que deveria envergonhar qualquer administrador público. O povo petropolitano não precisa de discursos; precisa de ação. Até quando a cidade continuará pagando o preço da incompetência?

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