PF identifica mais de 100 codinomes ligados a esquema bilionário de desvio de emendas parlamentares
- Marcus Modesto
- 10 de abr.
- 2 min de leitura
A Polícia Federal identificou mais de 100 codinomes relacionados a um esquema de desvio de recursos públicos provenientes de emendas parlamentares, investigado pela Operação Overclean. Os apelidos foram encontrados em planilhas apreendidas durante as fases da operação, e, segundo a PF, representam pessoas diretamente envolvidas nos crimes apurados — entre elas, empresários, políticos e servidores públicos.
As investigações apontam que o esquema criminoso teria movimentado cerca de R$ 1,4 bilhão em contratos fraudados, superfaturamento de obras e licitações direcionadas. A Controladoria-Geral da União (CGU) atua em conjunto com a PF no caso.
De acordo com o relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o grupo era dividido em três núcleos: central, operacional e de apoio informacional. A liderança do núcleo central seria dos empresários José Marcos Moura — conhecido como “Rei do Lixo” — Alex Rezende Parente e Fábio Rezende Parente, donos da empresa Allpha Pavimentações e Serviços de Construções.
Moura seria o principal articulador político da organização, utilizando sua influência para garantir contratos com o poder público. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) revelou que o empresário movimentou R$ 80,2 milhões em operações suspeitas entre 2017 e 2023. Uma de suas empresas, a MM Limpeza Urbana, teria ainda realizado transações no valor de R$ 435 mil com uma autoridade com foro privilegiado, sem justificativa econômica aparente.
A Polícia Federal também identificou ramificações do esquema nas prefeituras de Salvador (BA) e Belo Horizonte (MG). Diálogos obtidos no celular de Flávio Pimenta, ex-diretor administrativo da Secretaria de Educação de Salvador, indicam que o ex-secretário Bruno Oitaven Barral atuava para favorecer a empresa Larclean Saúde Ambiental em licitações. Após deixar o cargo na capital baiana, Barral assumiu a Secretaria de Educação de Belo Horizonte, onde também passou a ser investigado. Ele foi exonerado após se tornar alvo da terceira fase da Overclean.
Em novas diligências, a PF descobriu mensagens que sugerem a atuação direta de José Marcos Moura na indicação de cargos estratégicos na Prefeitura de Belo Horizonte, incluindo a tentativa de controle sobre secretarias como a de Educação, de Combate à Fome e de Mobilidade Social.
O núcleo operacional do esquema seria formado por pessoas de confiança dos empresários, responsáveis pelo suporte logístico e pela lavagem do dinheiro desviado. Já o núcleo de apoio informacional teria como peça-chave o agente da PF Rogério Magno Almeida Medeiros, acusado de repassar informações sigilosas ao grupo criminoso, além de alertar sobre operações policiais e orientar a destruição de provas.
As defesas dos investigados ainda não se manifestaram completamente. Os irmãos Alex e Fábio Parente informaram, por meio de nota, que irão esclarecer todos os fatos às autoridades competentes. A defesa de José Marcos Moura não se pronunciou até o momento.

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