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PIB dos EUA recua no 1º trimestre e agrava incertezas sobre política econômica de Trump

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 30 de abr.
  • 2 min de leitura

Queda de 0,3% surpreende mercado e reforça críticas às tarifas comerciais do presidente republicano


WASHINGTON – A economia dos Estados Unidos iniciou 2025 em desaceleração. Dados divulgados nesta quarta-feira (30) pelo Departamento de Comércio mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,3% no primeiro trimestre, em taxa anualizada — o primeiro resultado negativo em mais de um ano. A retração frustrou as expectativas do mercado, que projetava crescimento de 0,3%, e acendeu um alerta sobre os impactos das políticas tarifárias do presidente Donald Trump.


O dado chega em um momento simbólico: os primeiros 100 dias do segundo mandato de Trump. Com a confiança do consumidor em queda e empresas revisando projeções, a condução da política econômica volta ao centro das críticas, inclusive dentro do próprio mercado financeiro.


Segundo analistas, o recuo tem relação direta com uma corrida de importações no início do ano. Empresas tentaram se antecipar a novas tarifas, o que fez o déficit comercial de bens atingir um recorde histórico em março. Esse desequilíbrio pesou negativamente sobre o desempenho do PIB e levou economistas a reverem para baixo suas previsões de crescimento para o restante do ano.


Apesar da retração, os gastos dos consumidores — tradicional motor da economia americana — continuaram avançando, ainda que de forma mais lenta. No trimestre anterior, a economia havia crescido 2,4%, reforçando a percepção de que o resultado atual marca uma virada no cenário.


Tarifas, inflação e desconfiança


Parte da pressão vem das políticas comerciais da Casa Branca. Medidas como a tarifa de 145% sobre produtos chineses seguem em vigor e têm elevado os custos para a indústria, em especial nos setores de tecnologia e manufatura. O encarecimento de insumos já afeta a inflação, que voltou a subir no início de 2025.


A resposta dos setores produtivos é visível. Companhias aéreas, por exemplo, retiraram suas projeções para o ano, citando incertezas na demanda e o aumento nos custos operacionais. Já o sentimento empresarial registrou uma das maiores quedas desde 2020, refletindo um ambiente de negócios cada vez mais cauteloso.


O Federal Reserve monitora o cenário de perto. Com a inflação ainda elevada, mas a atividade perdendo força, aumenta a expectativa de que o banco central possa voltar a cortar juros como forma de estímulo.


Casa Branca tenta conter desgaste


Diante da deterioração dos indicadores, o governo anunciou nesta terça-feira (29) um pacote para aliviar parte das pressões sobre o setor automotivo. O plano prevê concessões fiscais para a compra de peças e materiais, além de incentivos tributários. No entanto, a tarifa de 145% sobre produtos chineses foi mantida, reforçando a estratégia do presidente de manter uma postura firme na disputa com Pequim.


Trump tem defendido as tarifas como forma de proteger a indústria americana e financiar os cortes de impostos prometidos à classe média. Mas com o crescimento ameaçado e a confiança em baixa, críticos argumentam que a estratégia pode ter efeito contrário — e dificultar ainda mais a recuperação econômica.


Com a eleição legislativa de 2026 no horizonte, a pressão sobre a política econômica deve se intensificar. Os próximos meses serão decisivos para testar a eficácia do modelo trumpista de crescimento em meio ao ceticismo crescente do mercado e da população.


 
 
 

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