Polícia prende líderes de grupo extremista e impede atentado no show de Lady Gaga em Copacabana
- Marcus Modesto
- 4 de mai.
- 2 min de leitura
Operação evitou ataque terrorista com motivações de ódio contra o público LGBTIA+ durante evento com mais de 2 milhões de pessoas
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu neste fim de semana os principais líderes de um grupo extremista que planejava um atentado a bomba durante o megashow da cantora Lady Gaga, realizado na noite de sábado (3), na Praia de Copacabana. Segundo as autoridades, a operação — batizada de Fake Monster — evitou uma tragédia de grandes proporções e salvou centenas de vidas.
— Sem causar pânico ou alarde, conseguimos prender os dois principais líderes dessa organização criminosa, esses terroristas. O título da investigação foi claro: terrorismo — afirmou o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
O grupo, de acordo com os investigadores, tinha como alvo o público LGBTIA+ e propagava discursos de ódio e violência nas redes sociais. Um dos investigados, localizado em Macaé, no Norte Fluminense, chegou a afirmar que realizaria um ritual durante o show, matando uma criança em nome de uma suposta vingança contra Lady Gaga, a quem acusava de “satanismo”.
— Ele dizia que a cantora era satanista e que ele faria um ritual também, matando uma criança no show. É algo gravíssimo — relatou Curi.
A operação cumpriu 15 mandados de busca e apreensão em quatro estados — Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso — e teve como foco a interrupção das articulações criminosas nas redes sociais. Ao todo, nove pessoas foram investigadas. Um homem foi preso por porte ilegal de arma no Rio Grande do Sul e um adolescente foi apreendido no Rio por armazenamento de pornografia infantil.
De acordo com o delegado Carlos Oliveira, da Delegacia de Repressão aos Crimes Extremistas (DRAE), a legislação antiterrorismo brasileira permite que atos preparatórios sejam tratados como crime, mesmo que o ataque não se concretize.
— Não é preciso esperar que alguém jogue um coquetel molotov. A intenção e a articulação com outros já configuram crime — explicou.
A ofensiva contou também com apoio da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). O delegado Luiz Lima ressaltou o uso da internet como ferramenta de radicalização e recrutamento, principalmente de adolescentes e crianças, por grupos extremistas.
— Foi uma ação integrada e que salvou centenas de vidas. Esses grupos visam ganhar notoriedade e atrair novos membros — afirmou.
A Polícia Civil reforçou que o ambiente digital não é isento de leis e que os envolvidos devem responder por crimes como terrorismo, incitação à violência e, no caso do menor apreendido, pornografia infantil.
Graças à operação, o show de Lady Gaga ocorreu sem incidentes e foi celebrado por sua mensagem de inclusão e resistência. A noite, que já entraria para a história pela grandiosidade do espetáculo, agora também será lembrada por uma ação policial que evitou o que poderia ter sido uma tragédia.

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