Prefeita e vice de Barra do Piraí são alvo de pedido de impeachment após denúncias de negligência na saúde
- Marcus Modesto
- 25 de mai.
- 2 min de leitura
O cenário político de Barra do Piraí ganhou um novo e turbulento capítulo. Na tarde da última quinta-feira (22), o médico Dimas Thalys Moura Bezerra formalizou, na Câmara Municipal, um pedido de abertura de uma comissão processante para investigar supostas irregularidades praticadas pela prefeita Kátia Miki e pelo vice-prefeito Cristiano Almeida — que, além de ocupar o segundo cargo mais importante do Executivo, também acumula a função de secretário municipal de Saúde.
O pedido tem respaldo no artigo 5º, inciso I, do Decreto-Lei 201/67, que trata dos crimes de responsabilidade de prefeitos e pode levar, em última instância, à cassação dos mandatos. A informação foi inicialmente divulgada pelo portal Papagoiaba.
A iniciativa surge após declarações contundentes do médico durante uma entrevista no podcast “No Coração do InteRior”. Dr. Dimas trouxe à tona denúncias que lançam luz sobre uma crise que, há tempos, paira sobre a saúde pública do município — mas que, agora, ganha contornos ainda mais graves e escandalosos.
Segundo ele, a negligência da gestão municipal teria sido fator determinante para, pelo menos, dois óbitos ocorridos na Casa de Caridade Santa Rita — a Santa Casa de Barra do Piraí. As acusações não param aí. O médico afirma que o governo municipal teria utilizado, de forma indevida, o nome de uma promotora de Justiça para justificar supostos calotes aplicados contra empresas contratadas para fornecer profissionais da saúde.
Entre essas empresas, uma seria responsável por médicos que atuam diretamente no hospital, enquanto outra prestaria serviços especializados no atendimento a pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo Dimas, os atrasos nos pagamentos comprometem gravemente a continuidade dos atendimentos, afetando diretamente a população mais vulnerável.
O médico foi além: acusou a prefeitura de arquitetar uma intervenção velada na gestão da Santa Casa, adotando como estratégia o estrangulamento financeiro da instituição. Segundo ele, os sucessivos atrasos nos repasses seriam um método deliberado para enfraquecer a Irmandade e justificar a posterior tomada do controle administrativo do hospital.
As denúncias culminaram no pedido de abertura de um processo político-administrativo, cuja consequência mais grave seria o impeachment da prefeita e do vice. Resta agora saber qual será a postura dos vereadores diante de um episódio que escancara, mais uma vez, a fragilidade das estruturas públicas quando a política se sobrepõe à gestão.
O caso repercute fortemente não só na cidade, mas em todo o Sul Fluminense. A população assiste, atônita, enquanto a saúde pública — que deveria ser prioridade — vira palco de disputas políticas, possíveis interesses escusos e acusações gravíssimas de má gestão, negligência e até manipulação institucional.
A Câmara, pressionada, terá que decidir se cumpre seu papel constitucional de fiscalização ou se fecha os olhos, mais uma vez, diante de um cenário que mistura incompetência, suspeitas de má-fé e absoluto desrespeito à vida dos cidadãos.
O espaço segue aberto para manifestação da Prefeitura de Barra do Piraí, dos citados e da própria Câmara Municipal.

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