“Prefiro o Lula”: críticas de Mauro Cid a Michelle Bolsonaro revelam racha interno
- Marcus Modesto
- 16 de mai.
- 2 min de leitura
Mensagens do ex-ajudante de ordens mostram tensão com a ex-primeira-dama e divergências no núcleo bolsonarista
Apesar da relação direta e de confiança com o então presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid mantinha uma convivência conflituosa com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Mensagens extraídas do celular de Cid, reveladas pelo portal UOL, expõem desentendimentos, críticas à imagem pública de Michelle e até a preferência explícita do militar por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em detrimento de uma eventual candidatura dela.
O conteúdo faz parte do material apreendido pela Polícia Federal: mais de 20 mil arquivos e 158 mil mensagens. Trechos inéditos revelam bastidores sensíveis do bolsonarismo e rachaduras no círculo mais íntimo da família presidencial.
Desconfiança e ironias
Uma das trocas mais emblemáticas ocorreu em 28 de dezembro de 2022, pouco antes de Bolsonaro deixar o país rumo aos Estados Unidos. Michelle enviou uma mensagem enigmática a Cid, insinuando que ele teria vazado informações à imprensa: “Agiu rápido né”. O tenente-coronel não respondeu.
A tensão também aparece em conversas com o coronel Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro. Em janeiro de 2023, já nos EUA, Câmara brinca com a situação, referindo-se à ex-primeira-dama como “a sua amiga”, provocando risos de Cid.
“Prefiro o Lula”
A frase mais polêmica surgiu em diálogo com Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro. Ao comentar uma reportagem que especulava sobre Michelle ser lançada candidata à Presidência, Cid foi direto: “Prefiro o Lula”.
Em nota, Wajngarten alegou que os diálogos refletiam apenas comentários sobre notícias. “Jamais se imaginou a ex-primeira-dama como candidata”, afirmou.
Alerta sobre desgaste político
Em outro momento, Cid respondeu a críticas sobre o salário que o PL pagaria a Michelle com um áudio contundente:
— Cara, se dona Michelle tentar entrar pra política, num cargo alto, ela vai ser destruída. Porque eu acho que ela tem muita coisa suja… não suja, mas ela, né, a personalidade dela… eles vão usar tudo contra pra acabar com ela.
Cid também critica Valdemar Costa Neto, presidente do PL, dizendo que ele “fala demais” e que está “todo enrolado” com documentos.
Nos dias seguintes, novas especulações sobre uma possível candidatura de Michelle ao Senado voltaram à pauta. Wajngarten, segundo as mensagens, chegou a alertar Bolsonaro sobre os riscos de vazamentos que pudessem manchar a imagem da ex-primeira-dama.
As revelações reforçam o clima de divisão interna no grupo político que sustentou Bolsonaro no poder — agora pressionado por investigações e disputas de bastidores.

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