Promessas e paliativos: reunião sobre segurança na Voldac escancara resposta tardia do poder público
- Marcus Modesto
- 16 de abr.
- 2 min de leitura
Enquanto moradores convivem com o medo, autoridades minimizam crimes e exaltam grupos de WhatsApp como solução
A presença do secretário de Ordem Pública de Volta Redonda, coronel Henrique, e do subsecretário subtenente Amauri Pego em uma reunião com moradores do bairro Voldac, nesta semana, expôs mais do que ações de combate à criminalidade: escancarou a defasagem entre o discurso oficial e a realidade enfrentada pela população. O encontro, promovido pela Associação de Moradores, contou ainda com o comandante do 28º BPM, tenente-coronel Moisés Sardemberg, e ocorreu após registros de práticas delituosas que geraram insegurança na Voldac, São João Batista e Jardim Caroline.
O tom da reunião, no entanto, destoou da urgência sentida nas ruas. Segundo o secretário, “não existe nenhuma mancha criminal contundente” na região — o que, na prática, soa como uma tentativa de minimizar ocorrências que já afetam diretamente a rotina dos moradores. Ao invés de reconhecer falhas ou atrasos nas ações preventivas, a pasta preferiu listar investimentos em grupos de WhatsApp e prometer o reforço de câmeras privadas ao sistema de monitoramento do Ciosp.
Soluções improvisadas, resultados incertos
A menção constante aos grupos de WhatsApp como ferramenta estratégica de segurança levanta uma questão incômoda: o município estaria delegando ao cidadão comum a função de fiscal e sentinela, em um contexto onde a presença ostensiva da polícia e da guarda municipal ainda é irregular?
A promessa de reforço no patrulhamento e integração de câmeras particulares ao sistema público é apresentada como inovação, mas escancara a dependência da prefeitura por recursos e infraestrutura alheios, transferindo mais uma vez à população a responsabilidade pelo monitoramento da própria segurança.
Sensação de segurança não é segurança
É preciso distinguir sensação de segurança de segurança de fato. A presença em reuniões e a retórica otimista das autoridades podem até aliviar momentaneamente a tensão, mas não substituem ações contínuas, dados transparentes e políticas públicas consistentes. Moradores não pedem apenas vigilância por câmeras ou respostas pontuais após registros de crimes — pedem presença constante, diálogo real e políticas que atendam ao longo prazo.
Até lá, fica a dúvida: quantas “ocorrências pontuais” serão necessárias para que o problema da segurança pública em bairros como a Voldac seja tratado com a seriedade que merece
Foto Semop

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