Rio de Janeiro inicia oficialmente seu ano como Capital Mundial do Livro
- Marcus Modesto
- 12 de abr.
- 3 min de leitura
Cerimônia no Real Gabinete Português de Leitura marca o início das celebrações que se estendem até abril de 2025
O Rio de Janeiro deu início, nesta sexta-feira (12), ao calendário de atividades que celebram o título de Capital Mundial do Livro, concedido pela Unesco. A cerimônia de abertura aconteceu no histórico Real Gabinete Português de Leitura, no Centro da cidade, e reuniu autoridades, representantes da cultura e entusiastas da literatura. Esta é a primeira vez que uma cidade de língua portuguesa recebe a honraria.
Durante o evento, foi apresentada a identidade visual oficial do projeto, desenvolvida por designers cariocas e escolhida pela Academia Brasileira de Letras (ABL). Com traços minimalistas, a marca propõe múltiplas interpretações: pode ser vista como o Pão de Açúcar, um livro aberto, uma ave em voo ou até mesmo os arcos da Praça da Apoteose — tudo depende do olhar de quem vê, como na literatura.
O slogan “O Rio de Janeiro continua lendo” — uma homenagem à música Aquele Abraço, de Gilberto Gil — acompanhará a campanha ao longo do ano. A marca será aplicada em diversos pontos da cidade, incluindo escolas, bibliotecas, livrarias, centros culturais e estações de trem e metrô.
A programação, que seguirá até abril de 2025, promete movimentar o cenário cultural da cidade com eventos inovadores. Entre os destaques estão a Bienal do Livro com atrações interativas, a “Noite com Livros” com rodas de leitura noturnas, a Book Parade Rio 2025 — inspirada na famosa Cow Parade — e o projeto “Rio de Livros”, que instalará estações de troca de exemplares. Jovens também terão espaço com a “Academia Editorial Jr.”, voltada à formação de novos profissionais para o setor.
Eventos já consolidados, como a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e as festas literárias de Santa Teresa e Santa Cruz, também farão parte da agenda.
Em discurso lido durante a cerimônia, o prefeito Eduardo Paes destacou a importância do momento:
— Ao longo deste ano, vamos trabalhar ainda mais pela cultura do livro e da leitura. Daqui a um ano, veremos que valeu muito a pena sermos a Capital Mundial do Livro.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, emocionou os presentes ao cantar à capela Fanatismo, poema de Florbela Espanca musicado por Fagner. Em seguida, ressaltou o papel transformador da leitura:
— A leitura é uma ponte que nos conecta com outras realidades. É um motor de justiça social e uma fonte de inspiração para as nossas vidas.
Outro ponto alto da cerimônia foi a apresentação da “Caixa Literária da Língua Portuguesa”, vinda de Lisboa, que reúne obras de autores lusófonos de diversos países. O conteúdo ainda é mantido em segredo, como brincou o secretário municipal de Cultura, Lucas Padilha:
— Eu sei quais são todos os livros, mas não vou contar.
A caixa será aberta em 23 de abril, data que marca oficialmente o início do ciclo do Rio como Capital Mundial do Livro. A partir daí, circulará por escolas, terreiros, igrejas e parques. Em 2026, a caixa será enviada a Rabat, no Marrocos, que sucederá o Rio no título.
Para o presidente da ABL, Merval Pereira, o reconhecimento internacional é também uma oportunidade para ampliar o prestígio do idioma:
— O Rio como Capital Mundial do Livro irá contribuir para que o português seja mais acolhido nos organismos internacionais.
A diretora da Unesco no Brasil, Marlova Jovchelovitch Noleto, completou:
— Que o exemplo do Rio reverbere em todo o Brasil

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