Risco de Apagão: Crescimento da Energia Solar Sobrecarrega Redes de Transmissão em Nove Estados
- Marcus Modesto
- 9 de fev.
- 2 min de leitura
Um relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alerta para o risco de apagões em nove estados brasileiros devido à sobrecarga nas subestações de transmissão de energia. O estudo, divulgado no Plano de Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado Nacional, analisa o período entre 2025 e 2029 e aponta que a capacidade operacional de curta duração dos transformadores pode ser superada em estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso, Rondônia, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí.
O problema está diretamente ligado ao crescimento acelerado da geração de eletricidade por painéis solares em residências e comércios. Hoje, essa modalidade representa 22% da capacidade instalada do país, somando 53 gigawatts. No entanto, a grande adesão à energia solar tem modificado a dinâmica do sistema elétrico, gerando o chamado “fluxo reverso” de energia: ao invés de a eletricidade seguir o trajeto tradicional das transmissoras para as distribuidoras, o excesso gerado pelos consumidores retorna para a rede, sobrecarregando os transformadores.
O ONS classifica a sobrecarga como “inadmissível” e alerta para a necessidade de adaptações urgentes na infraestrutura de transmissão. O risco de colapso no fornecimento não é apenas uma projeção teórica: em 2023, um apagão de seis horas atingiu 25 estados brasileiros devido a falhas na intermitência das energias solar e eólica. O relatório destaca que o evento foi resultado do desempenho inesperado dos parques solares e eólicos, evidenciando a vulnerabilidade do sistema elétrico nacional diante das novas dinâmicas de geração distribuída.
Com o avanço da energia renovável, especialistas apontam que o Brasil precisa investir em modernização da rede, sistemas de armazenamento e políticas de regulação para evitar apagões frequentes nos próximos anos. O crescimento sustentável da matriz energética depende não apenas da expansão da geração limpa, mas também da adaptação da infraestrutura elétrica para suportar as novas demandas do setor.

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