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Saae-VR investe em tecnologia, mas continua apagando incêndio em sistema precário de esgoto

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

O anúncio da aquisição de uma Câmera de Inspeção de Esgoto (Sewer Cam) pelo Saae-VR poderia, à primeira vista, ser comemorado como um avanço tecnológico. O equipamento, que permite inspecionar redes subterrâneas sem a necessidade de quebrar calçadas e ruas, realmente representa uma melhora nos procedimentos técnicos. Mas a pergunta que persiste é: até que ponto a tecnologia resolve um problema que, há anos, é crônico e estrutural?


Volta Redonda convive há décadas com redes de esgoto saturadas, muitas vezes clandestinas, mal mapeadas e, em diversos bairros, simplesmente inexistentes. A aquisição da câmera, ao custo dos cofres públicos, pode até facilitar diagnósticos, mas não substitui o que realmente falta: planejamento, investimento em infraestrutura básica e vontade política de enfrentar de frente o colapso iminente do sistema de esgotamento sanitário da cidade.


O teste feito na Rua 42, na Vila Santa Cecília, serve como exemplo claro da desorganização. A câmera identificou que a rede estava “inutilizada”, e que outra, aparentemente sem registro formal, já funcionava no local. Ou seja: é a tecnologia descobrindo a bagunça — e não necessariamente resolvendo-a. Não é preciso ser engenheiro para entender que um sistema onde redes somem, se sobrepõem ou simplesmente param de funcionar, não será salvo por uma lente de alta resolução.


Enquanto o Saae-VR anuncia modernização pontual, moradores de bairros periféricos continuam convivendo com esgoto a céu aberto, valas improvisadas e constantes entupimentos. A Sewer Cam não chega a esses lugares. E o silêncio do poder público sobre os problemas mais graves continua.


É legítimo investir em tecnologia. Mas é no mínimo contraditório festejar inovação quando a base do sistema ainda funciona de forma improvisada. É como instalar uma câmera de segurança de última geração numa casa sem portas.


O Saae-VR pode até enxergar melhor onde estão os buracos. Mas enquanto não tiver coragem — e recursos — para consertá-los de verdade, seguirá apenas filmando o colapso.



 
 
 

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