Santa Casa: O Pilar da Saúde Pública em Barra Mansa
- Marcus Modesto
- 22 de mar.
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Marcus Modesto
Em meio às recorrentes críticas ao sistema de saúde de Barra Mansa, é fundamental reconhecer o papel essencial que a Santa Casa desempenha no atendimento à população. Como único hospital da cidade que, apesar de ser privado, atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição carrega uma responsabilidade desproporcional em relação à sua estrutura e ao apoio que recebe. Enquanto a prefeitura não se comprometer com a construção de um hospital municipal de qualidade, a sobrecarga da Santa Casa continuará sendo um problema crônico, prejudicando diretamente os cidadãos que dependem de um atendimento digno.
É fácil apontar falhas no hospital, mas pouco se discute a causa raiz desse cenário: a inexistência de um hospital público municipal que absorva a demanda crescente de pacientes. A Santa Casa, por mais que se esforce para ampliar serviços e manter a qualidade, enfrenta diariamente os desafios de atender uma população inteira com recursos limitados. O subfinanciamento do SUS, combinado com a falta de investimento direto do município em novas estruturas de saúde, resulta em filas de espera, sobrecarga de profissionais e limitações no atendimento.
Uma solução viável e urgente seria a criação de UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) regionais em diferentes áreas da cidade, capazes de atender casos de baixa e média complexidade, deixando a Santa Casa responsável, principalmente, por internações e procedimentos de alta complexidade. Com um sistema de atendimento descentralizado, seria possível reduzir a superlotação do hospital, agilizar o socorro em emergências e garantir um atendimento mais rápido e eficiente em todas as regiões de Barra Mansa.
Cidades vizinhas já adotaram esse modelo com resultados positivos, desafogando seus principais hospitais e garantindo que casos mais graves recebam a atenção adequada. No entanto, em Barra Mansa, a ausência de políticas públicas voltadas para a estruturação de uma rede de atendimento eficiente sobrecarrega a Santa Casa, prejudicando tanto os profissionais que ali trabalham quanto a população que precisa dos serviços.
A questão que precisa ser levantada é: até quando a Santa Casa continuará sozinha nesse esforço? A ausência de um hospital municipal de grande porte e a falta de unidades regionais de atendimento não são apenas falhas de gestão pública – são um descaso com o direito básico da população à saúde. É inaceitável que uma instituição particular, por mais comprometida que seja, assuma quase integralmente o papel que deveria ser do poder público.
A solução para a crise da saúde em Barra Mansa não está em discursos vazios ou reuniões simbólicas, mas em um planejamento concreto para a construção de um hospital municipal moderno e a implementação de UPAs regionais que descentralizem o atendimento. Enquanto essas medidas não forem adotadas, a Santa Casa continuará sendo a única linha de defesa para milhares de pessoas, operando no limite de sua capacidade e, muitas vezes, recebendo mais críticas do que reconhecimento pelo papel vital que desempenha.
O debate precisa mudar de foco: não se trata apenas de cobrar da Santa Casa, mas de exigir que a prefeitura assuma sua responsabilidade e invista em um sistema de saúde pública integrado e eficiente. Até lá, o problema da saúde em Barra Mansa continuará sendo empurrado para uma instituição que, sozinha, já faz mais do que deveria.

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