Segurança em Barra Mansa: Reforço Policial ou Solução Temporária?
- Marcus Modesto
- 16 de jan.
- 2 min de leitura
A recente mobilização de segurança em Barra Mansa, que inclui o envio de um carro blindado, novas viaturas e 56 policiais militares às ruas, reflete uma resposta emergencial a um cenário de violência alarmante. O aumento da presença policial e a promessa de captura dos criminosos envolvidos na última onda de ataques podem transmitir uma sensação de alívio imediato à população. No entanto, é necessário questionar se essas medidas representam uma solução estrutural para a criminalidade ou apenas mais uma ação paliativa, que não ataca as raízes do problema.
O fato de o principal suspeito do crime possuir três mandados de prisão em aberto e já ter sido preso diversas vezes sem permanecer encarcerado revela um problema recorrente no sistema de segurança pública: a ineficácia da Justiça em manter criminosos de alta periculosidade longe das ruas. Isso levanta dúvidas sobre a efetividade da repressão policial sem uma revisão das falhas no sistema jurídico e penitenciário.
Além disso, a ênfase na repressão não pode ofuscar a necessidade de políticas públicas voltadas à prevenção da criminalidade. A falta de investimentos consistentes em educação, lazer, cultura e oportunidades de emprego para jovens em situação de vulnerabilidade acaba alimentando o ciclo da violência. Se medidas preventivas não forem tomadas, o envio de viaturas e blindados pode se tornar um esforço constante, sem resultados de longo prazo.
Outro ponto crítico é a aposta na participação da população por meio de denúncias anônimas. Embora a colaboração da sociedade seja fundamental, é ingênuo esperar que isso, por si só, resolva o problema, especialmente em comunidades onde o medo de represálias impede que as pessoas se sintam seguras para denunciar criminosos.
A segurança pública não pode ser tratada apenas com ações emergenciais e midiáticas. Sem uma abordagem mais ampla, que envolva a reestruturação do sistema prisional, políticas de inclusão social e inteligência policial eficaz, medidas como essas continuarão sendo apenas paliativos, enquanto a violência persiste como uma realidade cotidiana em Barra Mansa e tantas outras cidades brasileiras.

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