Sequestros de ônibus no Rio disparam em 2025 e já superam total do mesmo período do ano passado
- Marcus Modesto
- 11 de abr.
- 2 min de leitura
O clima de insegurança no transporte público da cidade do Rio de Janeiro voltou a ganhar destaque nesta quinta-feira (10), após novos episódios de sequestro de ônibus por criminosos durante operações policiais nos complexos do Chapadão e da Maré, ambos na Zona Norte da capital. De acordo com o sindicato RioÔnibus, que representa as empresas de transporte coletivo, já são 49 casos registrados somente em 2025 — superando os 44 ocorridos até o fim de abril do ano passado.
No Chapadão, criminosos interceptaram e usaram como barricadas um ônibus da linha SR399 (Pavuna — Passeio, serviço rápido), dois da linha 669 (Pavuna — Méier), dois da 779 (Pavuna — Madureira) e um da 793 (Pavuna – Sulacap). Na Maré, a ação ocorreu na Linha Amarela, onde um coletivo da linha 919 (Pavuna — Bonsucesso) foi atravessado na pista.
O modus operandi dessas ações já se tornou conhecido: os criminosos cercam o veículo, rendem o motorista e ordenam que o ônibus seja colocado como obstáculo em via pública, impedindo o avanço de forças de segurança. Na maioria dos casos, os sequestradores fogem levando a chave do coletivo, o que dificulta a retirada imediata do veículo e agrava o transtorno no trânsito.
Rotas alteradas e trabalhadores sob ameaça
Com os recorrentes bloqueios, cresce o número de linhas com trajetos desviados. Segundo o RioÔnibus, 191 linhas tiveram mudanças em 2024 por conta de barricadas montadas com ônibus. Em 2025, o número já chega a 152, apenas até o mês de abril.
O impacto é sentido por passageiros, motoristas e pela própria economia da cidade. Paulo Valente, diretor de Comunicação do sindicato, afirma que muitos profissionais do setor vivem sob constante tensão, e há motoristas que se recusam a operar determinadas linhas por medo. “Todo mundo acaba ficando atrasado, isso prejudica a economia como um todo e, principalmente, a imagem da cidade, afugentando muitos turistas que poderiam vir para cá”, destacou Valente.
Zonas críticas e aumento expressivo em relação a 2024
Algumas regiões se destacam como áreas de maior risco. No fim de março, 23 ônibus foram sequestrados no bairro do Engenho Novo durante confrontos no Morro do São João. A Pavuna também aparece com frequência nos registros, sobretudo durante protestos que acabam em ações criminosas. Outras zonas críticas incluem Campo Grande, Penha (especialmente próximas aos complexos do Alemão e da Penha), Muzema, Tijuquinha e Avenida Brasil.
O aumento no número de casos é expressivo: entre janeiro e março deste ano, foram registrados 40 sequestros de ônibus, um crescimento de 33% em relação ao mesmo período de 2024, quando ocorreram 30 episódios semelhantes.
Apesar dos números preocupantes, ainda não há uma política pública eficaz anunciada para conter essa escalada. Enquanto isso, passageiros seguem enfrentando atrasos, incertezas e medo no cotidiano das ruas do Rio de Janeiro.

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