Sul Fluminense sob ataque: a rotina da morte que já não choca mais ninguém
- Marcus Modesto
- 8 de jun.
- 2 min de leitura
Mais uma execução. Mais uma vítima. Mais um corpo estendido no asfalto. A cena se repete com tamanha frequência no Sul Fluminense que já quase não provoca indignação. Neste sábado (7), foi a vez da Rua Onze de Setembro, no bairro Água Limpa, em Volta Redonda, servir de palco para mais um capítulo dessa tragédia sem fim. Um homem foi morto a tiros, em plena via pública, sob o olhar impotente de uma população cansada de conviver com o medo.
O bairro, já marcado por uma escalada de homicídios nos últimos anos, reforça sua triste fama de território abandonado pelas políticas de segurança. Água Limpa se tornou sinônimo de violência crônica, onde vidas são ceifadas como se nada valessem — e onde o Estado só chega com sirenes ligadas, depois do crime consumado.
O que assusta não é só a frequência dos assassinatos. É a banalização. O Sul Fluminense está mergulhado numa crise de segurança pública que autoridades preferem fingir que não existe. Governos municipais lavam as mãos, a polícia age quase sempre de forma reativa, e o cidadão comum já nem espera mais por justiça — só torce para não ser o próximo alvo.
Não faltam discursos, estatísticas maquiadas e promessas em palanques. Mas faltam ações efetivas, inteligência policial, presença constante e políticas de prevenção. Falta compromisso. Enquanto isso, criminosos seguem impondo a sua lógica, delimitando territórios e espalhando o terror à luz do dia — ou da noite, como neste caso.
A violência não é um fenômeno isolado. É reflexo direto da ausência do poder público, do desemprego, do tráfico solto, da impunidade e da omissão. Quando o Estado falha em garantir o básico — o direito à vida —, ele está falindo por inteiro.
Até quando Volta Redonda vai ser obrigada a assistir a seus bairros virarem mapas da morte? Até quando o Sul Fluminense vai seguir contabilizando cadáveres sem reação das autoridades? Até quando vamos tratar execuções como rotina?
A resposta precisa vir com firmeza, coragem e presença — não com frases prontas em coletivas. Porque a cada dia que passa, mais uma vida se vai, mais uma família se desfaz e mais um bairro se perde para a barbárie.

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