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Supermercado Bramil é condenado por risco à saúde pública — e o caso revela mais que uma simples multa

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 24 de abr.
  • 2 min de leitura

A condenação do Supermercado Bramil, em Três Rios, por manter práticas sanitárias irregulares, não é apenas mais um caso isolado de negligência no setor alimentício — é o retrato escancarado de como parte do comércio ainda lida com a saúde pública como se fosse um detalhe opcional.


A sentença, divulgada nesta semana pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), obriga a empresa a pagar R$ 50 mil em indenização por danos morais coletivos, além de sanar as irregularidades sanitárias sob pena de multa de R$ 5 mil para cada nova infração identificada. A ação foi movida pela 1ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Três Rios, após apuração de diversas denúncias que indicavam um cenário repetido e preocupante de descaso com a higiene e o armazenamento de alimentos.


Uma perícia técnica confirmou o que os relatos já sugeriam: mercadorias para devolução eram armazenadas próximas a lixo reciclável, em áreas sujas e mal cuidadas; e paletes de madeira eram utilizados em câmaras frigoríficas — uma prática expressamente proibida por facilitar a contaminação dos produtos.


Não estamos falando de falhas pontuais, mas de uma rotina operacional que ignorava normas básicas de segurança alimentar. E não se trata apenas da responsabilidade técnica ou jurídica, mas de uma falha ética. Quando um supermercado permite que alimentos sejam manuseados ou armazenados em condições insalubres, o que está em jogo não é só a credibilidade da empresa, mas a saúde dos consumidores — muitos dos quais não têm escolha senão continuar comprando ali, por questões de localização, preço ou costume.


A decisão judicial é um passo importante, mas a multa de R$ 50 mil soa tímida frente à gravidade dos fatos e ao impacto que esses riscos poderiam ter causado. O dano moral coletivo é difícil de medir, mas fácil de sentir: basta imaginar o consumidor comum, que entra no supermercado confiando que ali encontrará produtos seguros para sua família — e sai, sem saber, levando para casa o resultado de um sistema mal fiscalizado e conduzido com negligência.


Cabe agora acompanhar se o Bramil, que permanece em operação, tomará providências reais ou apenas superficiais. Afinal, manter a fachada limpa enquanto os bastidores seguem sujos é uma especialidade de muitas empresas que priorizam o lucro acima da responsabilidade.


Enquanto isso, o Ministério Público cumpre seu papel. Mas a vigilância sanitária, os órgãos de fiscalização e, principalmente, a população, precisam seguir atentos. Porque não se trata apenas de alimentos — trata-se de confiança. E essa, quando contaminada, dificilmente se reverte.


 
 
 

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