Sérgio Cabral entra em cena e tenta blindar Bacellar, enquanto a crise avança na Alerj
- Marcus Modesto
- há 8 horas
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A prisão do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (MDB), abriu uma disputa pública entre ex-governadores do Rio — e, curiosamente, quem correu para defendê-lo foi justamente Sérgio Cabral, que acumulou mais de seis anos atrás das grades e ainda responde a processos por corrupção e lavagem de dinheiro.
Em entrevista ao UOL, Cabral afirmou ter sido “surpreendido” pela operação da Polícia Federal, que aponta Bacellar como suspeito de repassar informações sigilosas sobre outra ação, deflagrada em setembro, que levou à prisão do ex-deputado TH Joias, acusado de ligação com o Comando Vermelho.
Segundo Cabral, nada no comportamento do presidente da Alerj sugeria proximidade com o ex-parlamentar investigado. Pelo contrário, ele reforçou a narrativa de que Bacellar vinha se dedicando a propostas de endurecimento penal contra o crime organizado.
“Sempre vi o Rodrigo entusiasmado com projetos voltados a endurecer a legislação contra o crime organizado. Até, recentemente, ele comandou um projeto de lei que endureceu a vida dos líderes de facção nos presídios”, declarou, via WhatsApp.
O ex-governador também fez questão de sublinhar a “amizade” que diz manter com Bacellar, afastando qualquer papel de consultoria política — ainda que as trocas públicas entre ambos tenham crescido nos últimos meses.
O depoimento de Cabral ganha ainda mais peso quando se observa que, dias antes de ser preso, Bacellar publicou no Instagram o anúncio de um programa de financiamento para a saúde nos municípios — postagem que recebeu comentários elogiosos do ex-governador. Cabral citou ainda o vínculo antigo com a família Bacellar e lembrou que o deputado atuou em seu governo, entre 2009 e 2011, como presidente da Fundação Estadual do Norte Fluminense.
Questionado sobre a votação marcada para a próxima semana, na qual os deputados decidirão se mantêm ou derrubam a prisão de Bacellar, Cabral sinalizou que vê espaço para reviravolta, evocando a reeleição unânime do parlamentar em fevereiro para seu segundo biênio na presidência da Casa.
Curiosamente, enquanto Cabral age para conter danos e reforçar a imagem do aliado, outros dois ex-governadores seguem em sentido oposto. Wilson Witzel e Anthony Garotinho — adversários históricos entre si, mas unidos na crítica a Bacellar — têm usado as redes sociais para atacar o presidente afastado da Alerj. Witzel, vale lembrar, teve seu processo de impeachment relatado pelo próprio Bacellar. Já Garotinho trava uma disputa política antiga com a família no Norte Fluminense.
Cabral preferiu ironizar os rivais: “São duas pessoas que não merecem meu comentário”.
Em liberdade desde o fim de 2022, após sucessivas decisões judiciais que reduziram ou anularam parte de suas condenações, Cabral mantém uma presença digital ativa, com mais de 56 mil seguidores. Entre comentários sobre política, recomendações de filmes e fotos da rotina, agora inclui também a defesa pública de um dos nomes mais poderosos (e investigados) da política fluminense.




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