Três Rios à Mercê da Insegurança: Deputado Pede, Estado Finge que Escuta
- Marcus Modesto
- 4 de jun.
- 2 min de leitura
Enquanto a criminalidade avança a passos largos pelas ruas de Três Rios, na Região Serrana, a resposta do governo estadual continua sendo a mesma de sempre: promessas, burocracia e silêncio. Na última semana, o deputado estadual Sérgio Fernandes (PSD) fez aquilo que, na prática, deveria ser obrigação do próprio Executivo: cobrou, oficialmente, o mínimo — segurança para quem vive na cidade.
Por meio de duas indicações simples (simples, no jargão político, significa que o governo pode acatar, mas não é obrigado), o deputado pede 40 novos policiais, 10 viaturas e 10 motocicletas para reforçar o 38º BPM. Também solicita o retorno do serviço de perícia médica do IML e da viatura para remoção de cadáveres, desativados sabe-se lá por qual motivo — ou, mais precisamente, pela velha desculpa da falta de gestão e investimento.
O que há de novo nesse pedido? Absolutamente nada. Três Rios, assim como dezenas de outros municípios fluminenses, sofre há anos com o sucateamento sistemático das forças de segurança. Policiais sobrecarregados, viaturas quebradas, falta de equipamentos básicos e uma crescente sensação de abandono. O que o deputado faz é registrar, no papel timbrado da Assembleia Legislativa, o óbvio: que a população não aguenta mais ser refém da violência.
E enquanto o parlamentar cumpre seu papel de pressionar, cabe a pergunta: o governador Cláudio Castro vai fazer alguma coisa além de discursos e promessas vazias? A julgar pelo histórico, é mais provável que a criminalidade continue ditando as regras nas ruas do que o Palácio Guanabara sair do imobilismo.
Pior: a ausência do IML na cidade não é apenas um problema técnico — é uma vergonha institucional. Famílias enlutadas precisam percorrer quilômetros para conseguir um simples laudo pericial ou ter um corpo removido. Isso não é só negligência. É desumanidade institucionalizada. Uma afronta à dignidade das pessoas que, além da dor da perda, precisam lidar com o desprezo do Estado.
Sérgio Fernandes acerta ao fazer a cobrança. Mas o problema é bem maior do que reforçar efetivo e trazer viaturas. O problema é um governo que não enxerga as cidades fora da capital como prioridade. Que trata a segurança pública como gasto, não como investimento. Que lembra dos municípios do interior apenas em época de eleição.
A população de Três Rios não quer mais pedidos. Quer respostas. Quer segurança real, IML funcionando, polícia equipada e condições dignas para quem trabalha na linha de frente do combate ao crime.
A pergunta que fica é: até quando o governo do Rio vai tratar as demandas do interior como problema dos outros?

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