Triplo homicídio em Itaperuna revela plano cruel articulado por casal de adolescentes
- Marcus Modesto
- 6 de jul.
- 2 min de leitura
A Polícia Civil do Rio de Janeiro revelou detalhes estarrecedores sobre o triplo homicídio que abalou Itaperuna, no Noroeste Fluminense. Um adolescente de 14 anos assassinou os pais e o irmão mais novo, de apenas 3 anos, com tiros na cabeça enquanto dormiam, na madrugada do dia 21 de junho. O crime foi planejado ao longo de meses com o envolvimento direto da namorada do jovem, uma adolescente de 15 anos residente em Água Boa, no Mato Grosso.
De acordo com as investigações conduzidas pela 143ª DP (Itaperuna), a garota teve participação ativa no planejamento do crime. Em mensagens obtidas pela polícia, ela sugeriu que o namorado usasse luvas ou cobrisse a arma com uma fronha para evitar deixar impressões digitais. Em outro trecho das conversas, a adolescente chega a sugerir que ele colocasse a arma nas mãos do irmão caçula, já morto, para confundir a perícia. “É um detalhe que revela o grau de frieza e premeditação”, afirmou o delegado Carlos Augusto Guimarães da Silva.
Ainda segundo a polícia, a motivação para o crime estaria ligada à proibição dos pais do garoto de deixá-lo viajar para conhecer a namorada pessoalmente. A jovem, descrita por conhecidos como uma aluna exemplar e de comportamento reservado, pressionava o namorado com chantagens emocionais. “Você precisa ser homem”, escreveu ela em uma das mensagens. Em outra, disse que só continuaria o relacionamento caso os assassinatos fossem consumados.
Após o crime, o adolescente escondeu os corpos dos pais e do irmão em uma cisterna no quintal da casa da família, no bairro São Mateus. Quatro dias depois, ele foi à delegacia acompanhado da avó paterna para registrar um falso desaparecimento, alegando que os três haviam saído após o caçula se engasgar com um caco de vidro. A farsa desmoronou diante de contradições no depoimento e do forte odor vindo da cisterna.
A arma usada no crime — pertencente ao pai do jovem — foi encontrada na casa da avó, que, segundo a polícia, não tinha conhecimento do ocorrido. O adolescente confessou ter enviado uma foto dos corpos à namorada logo após os assassinatos. Ela teria reclamado da demora e cobrado detalhes sobre o que havia sido feito.
A perícia confirmou que todas as vítimas foram executadas com tiros na cabeça. Os investigadores suspeitam que os pais estivessem sedados com remédios para dormir, o que pode ter facilitado a ação do menor.
Outro ponto que chamou a atenção dos agentes foi a influência de um jogo virtual de terror psicológico, citado pelo casal durante as conversas. O jogo, já proibido em países como a Austrália, envolve uma trama violenta entre irmãos que mantêm uma relação incestuosa e matam os pais. A polícia investiga o impacto do conteúdo sobre o comportamento dos adolescentes.
O casal, que mantinha um relacionamento virtual há cerca de seis anos, foi apreendido e deve responder por ato infracional análogo a homicídio triplamente qualificado. A adolescente foi detida no Mato Grosso. Durante o depoimento, não demonstrou arrependimento e permaneceu abraçada a um ursinho de pelúcia. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público.

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