Trump anuncia trégua tarifária e mercados reagem com euforia; dólar cai e Bolsa dispara
- Marcus Modesto
- 9 de abr.
- 2 min de leitura
Uma reviravolta no cenário internacional movimentou os mercados financeiros nesta quarta-feira (9). Após uma manhã marcada pela tensão devido à escalada do conflito comercial entre China e Estados Unidos, o presidente norte-americano Donald Trump surpreendeu ao anunciar uma pausa de 90 dias na aplicação de tarifas elevadas contra diversos países — com exceção da China, que continuará sujeita a taxas mais duras.
A notícia teve impacto imediato no mercado financeiro global. O dólar, que chegou a ser cotado a R$ 6,09 nas primeiras horas do dia, inverteu a tendência e passou a cair com força, encerrando a sessão a R$ 5,834, com baixa de 2,70%. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, disparou 3,15%, atingindo os 127.845 pontos.
Trump comunicou a decisão por meio da rede social Truth Social. No comunicado, justificou a escalada contra a China, elevando a tarifa para 125%, mas indicou disposição ao diálogo com outros países. “Com base no fato de que mais de 75 países se mostraram dispostos a negociar e não retaliaram, autorizo uma pausa e redução tarifária temporária de 10%”, escreveu o presidente.
Wall Street também celebra
Nos Estados Unidos, o alívio foi refletido com intensidade em Wall Street. O índice Nasdaq subiu 9,47%, enquanto o S&P 500 avançou 8,66% e o Dow Jones teve alta de 5,94%. Para analistas, a decisão representa mais uma etapa da estratégia típica do ex-presidente: elevar o tom para, depois, buscar acordos mais favoráveis.
“O mercado já conhece esse jogo. Trump tensiona ao máximo para, então, propor uma solução intermediária que agrade ao mercado e preserve sua imagem de negociador duro”, avalia Thiago Avallone, economista-chefe da Manchester Investimentos.
Real se recupera após semanas de pressão
A decisão também teve reflexos positivos sobre moedas de países emergentes. O real, que vinha sendo uma das divisas mais penalizadas pelas medidas protecionistas dos EUA, teve uma recuperação expressiva com a trégua anunciada. “Ainda não recuperamos todas as perdas recentes, mas foi uma correção significativa e bem recebida pelos investidores”, explica Avallone.
China reage com dureza
Apesar do alívio para a maioria dos países, a China respondeu com firmeza à exclusão da trégua. O governo de Pequim anunciou novas tarifas de até 84% sobre produtos americanos e restrições adicionais a empresas dos Estados Unidos. Em nota oficial, o Ministério das Finanças chinês afirmou que as ações de Washington “violam os direitos legítimos da China” e ameaçam “a estabilidade do sistema de comércio global”.
Com o cenário ainda instável, analistas recomendam cautela. “As tensões entre EUA e China devem continuar sendo o principal fator de risco no radar dos mercados. Qualquer novo movimento pode inverter essa euforia rapidamente”, alerta Avallone.

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