Trump recua sobre demissão de presidente do Fed e acalma os mercados globais

Washington – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite desta terça-feira (23) que não pretende demitir Jerome Powell do comando do Federal Reserve (Fed), gesto que foi interpretado como sinal de recuo e ajudou a conter o nervosismo dos mercados financeiros internacionais.

“Não tenho intenção de demiti-lo”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca. Apesar disso, voltou a criticar a condução da política monetária pelo banco central. “Gostaria que ele fosse um pouco mais ativo em termos de sua ideia de reduzir as taxas de juros”, completou, reiterando seu desejo por cortes mais agressivos na taxa básica de juros.

A fala contrasta com declarações recentes do presidente norte-americano, que vinha aumentando o tom contra Powell. Na semana anterior, Trump chegou a afirmar que “a demissão de Powell não poderia ocorrer rápido o suficiente”, o que provocou apreensão nos mercados e levantou dúvidas sobre a independência do Fed.

Mesmo sinalizando estabilidade institucional, Trump manteve a pressão: “Achamos que é o momento perfeito para reduzir a taxa de juros e gostaríamos que nosso chairman fizesse isso cedo ou na hora certa, e não tarde”.

Tensões com a China e tarifas em revisão

Além das críticas ao Fed, Trump comentou sobre a guerra comercial com a China. O presidente afirmou que o patamar atual das tarifas — que chegaram a 145% sobre determinados produtos chineses — poderá ser revisto. “Não ficará nem perto desse número, mas também não será zero”, declarou, indicando uma possível flexibilização na escalada tarifária.

Em resposta, o governo chinês havia aplicado tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos, em meio à disputa que também envolve a cadeia global de distribuição do fentanil, substância altamente viciante e letal.

Mercado reage com otimismo

As declarações de Trump foram bem recebidas pelos mercados financeiros. Nesta quarta-feira (24), os principais índices europeus abriram em alta: Frankfurt subia 2,78%, Paris avançava 2,27% e Londres registrava alta de 1,30%. Bolsas em Milão, Madri e Lisboa também operavam no positivo.

Nos Estados Unidos, os contratos futuros dos índices de Wall Street apontavam valorização: S&P 500 (+2,37%), Nasdaq 100 (+2,77%) e Dow Jones (+1,83%). As ações de grandes empresas de tecnologia também reagiram positivamente, com Apple (+3%), Nvidia (+4,8%) e Alphabet (+2,2%) em destaque.

As expectativas de manutenção da taxa básica de juros pelo Fed também se fortaleceram. Segundo o monitoramento da ferramenta FedWatch, do CME Group, a chance de estabilidade na próxima reunião subiu para 93%.