Trumpistas articulam sanções contra Moraes e expõem ofensiva inédita à soberania do Judiciário brasileiro
- Marcus Modesto
- 3 de mai.
- 2 min de leitura
Uma articulação liderada por aliados do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem como alvo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e representa uma escalada sem precedentes na ingerência de forças políticas estrangeiras sobre o sistema judicial brasileiro. A informação foi revelada pela coluna do jornalista Paulo Capelli, no portal Metrópoles, e envolve diretamente nomes ligados ao bolsonarismo.
A ofensiva diplomática será liderada por David Gamble, coordenador de sanções internacionais do Departamento de Estado norte-americano e chefe do Office of Sanctions Coordination. Com chegada prevista em Brasília para a próxima segunda-feira (5), Gamble deve se reunir com o ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e outros aliados da extrema-direita brasileira.
Por trás da visita, está Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente e atualmente licenciado do mandato parlamentar, que atua como ponte informal entre o bolsonarismo e o trumpismo. Ele tem articulado a agenda com nomes influentes da ultradireita americana, alimentando uma narrativa internacional de que Moraes representa uma ameaça à liberdade de expressão por suas decisões contra perfis bolsonaristas em redes sociais.
Mais do que uma visita diplomática, o plano, segundo as apurações, inclui a proposição de sanções pessoais contra Alexandre de Moraes. Entre as medidas discutidas estão o banimento de entrada nos EUA e o congelamento de ativos e transações com instituições financeiras sob jurisdição americana. Outras figuras próximas ao ministro, incluindo juízes auxiliares e até o procurador-geral da República, Paulo Gonet, estariam no radar dessa ofensiva.
A tentativa de internacionalizar disputas judiciais internas representa um movimento preocupante para diplomatas e especialistas em relações exteriores. A iniciativa, segundo fontes da diplomacia americana, não conta com o endosso do governo de Joe Biden e é tratada como uma ação paralela — e politicamente motivada — de aliados de Trump, que tentam manter relevância internacional mesmo fora do poder.
Além das pressões contra Moraes, a agenda de Gamble prevê encontros sobre segurança pública e combate ao crime organizado, temas que podem servir de pretexto para estreitar laços com setores conservadores brasileiros sob o discurso de “lei e ordem”, frequentemente usado para justificar medidas autoritárias.
O gesto é visto com extrema cautela por diplomatas brasileiros e juristas, que classificam a investida como um precedente perigoso de intervenção estrangeira nos assuntos internos de um dos Poderes da República. Em meio à polarização política que ainda domina o país, a ação dos trumpistas pode acirrar ainda mais a instabilidade institucional, colocando em xeque a independência do Judiciário brasileiro diante de pressões externas ideologicamente motivadas.

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