Uso da internet e posse de celular crescem entre crianças de até 8 anos no Brasil
- Marcus Modesto
- 11 de fev.
- 3 min de leitura
Geral:
Nos últimos dez anos, o acesso à internet e a posse de celulares cresceram significativamente entre crianças brasileiras de até 8 anos. Segundo um estudo inédito do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), a proporção de crianças de 0 a 2 anos que utilizam a internet saltou de 9% em 2015 para 44% em 2024. Entre as de 3 a 5 anos, o índice subiu de 26% para 71%, e na faixa de 6 a 8 anos, o uso dobrou, passando de 41% para 82%.
Os dados, baseados nas pesquisas TIC Domicílios e TIC Kids Online Brasil, foram divulgados nesta terça-feira (11) durante o Dia da Internet Segura, em evento realizado na capital paulista. O coordenador-geral de pesquisas do Cetic.br, Fábio Senne, destaca que o crescimento do uso da internet por crianças tão pequenas precisa ser melhor compreendido. “Muitas vezes esse uso é para assistir a vídeos e conteúdos passivamente, sem necessariamente envolver uma interação ativa com a internet”, explicou.
O estudo também revelou um aumento na posse de celulares próprios entre crianças. Em 2015, apenas 3% das crianças de 0 a 2 anos possuíam um celular; em 2024, esse número chegou a 5%. Na faixa de 3 a 5 anos, o percentual passou de 6% para 20%, e entre 6 e 8 anos, subiu de 18% para 36%. Enquanto isso, o uso de computadores caiu: entre crianças de 3 a 5 anos, a proporção passou de 26% em 2015 para 17% em 2024; já entre as de 6 a 8 anos, a queda foi de 39% para 26%.
Diferenças sociais no acesso à tecnologia
O acesso à tecnologia varia conforme a classe econômica da família. Em 2024, entre crianças de 0 a 2 anos, o uso da internet foi registrado em 45% dos lares das classes AB, 47% da classe C e 40% das classes DE. Na faixa etária de 3 a 5 anos, os números foram 90%, 77% e 60%, respectivamente. Entre crianças de 6 a 8 anos, o percentual chegou a 97% nas classes AB, 88% na classe C e 69% nas classes DE.
A posse de celulares também apresentou diferenças. Entre crianças de 0 a 2 anos, 11% das que vivem em domicílios das classes AB têm um celular próprio, contra apenas 4% nas classes DE. Já na faixa de 6 a 8 anos, o percentual varia entre 40% (AB), 42% (C) e 27% (DE).
Impacto da pandemia
O estudo aponta que a pandemia da Covid-19 impulsionou o uso da internet e a posse de celulares entre crianças pequenas. “Houve crescimento ao longo da década, mas o período pré e pós-pandemia elevou esse patamar, com crianças a partir dos 3 anos já tendo seu próprio dispositivo”, afirmou Senne.
A posse de celulares se manteve relativamente estável entre 2015 e 2019, mas disparou em 2021 e se estabilizou em um nível mais alto até 2024. O aumento mais expressivo foi observado nas crianças de 3 a 5 anos, cuja posse de celulares saltou de 12% em 2019 para 19% em 2021, e nas de 6 a 8 anos, que passaram de 22% para 33% no mesmo período.
Enquanto os celulares se tornaram parte do dia a dia das crianças, o uso de computadores seguiu a tendência oposta, registrando queda no pós-pandemia, independentemente do tipo de equipamento — seja desktop, laptop ou tablet.

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