Venezuela reduz jornada de trabalho para conter crise energética
- Marcus Modesto
- 29 de mar.
- 2 min de leitura
KO governo de Nicolás Maduro reduziu drasticamente a carga horária do setor público na tentativa de enfrentar a crise energética que ameaça o país com novos apagões. Desde segunda-feira (24), os servidores trabalham apenas 13,5 horas semanais, distribuídas em três manhãs, das 8h às 12h30. A medida, que inicialmente terá duração de seis semanas, visa poupar energia diante da queda no nível do reservatório de Guri, principal fonte de eletricidade do país.
Maduro atribuiu a decisão à seca que atinge a Venezuela, mas especialistas apontam que a verdadeira causa da crise é a falta de investimentos e a má gestão do sistema elétrico ao longo dos anos. No interior do país, a situação já é crítica, com cidades enfrentando cortes diários de pelo menos quatro horas de eletricidade.
A estratégia de reduzir a jornada de trabalho para economizar energia não é novidade. Desde o início do chavismo, o governo adota medidas semelhantes sempre que o sistema elétrico entra em colapso. Em 2019, uma decisão parecida falhou em evitar apagões generalizados e acabou agravando ainda mais a crise econômica.
“O governo sempre culpa fatores externos, como o clima e supostas sabotagens, mas nunca assume a falta de gestão no setor”, afirmou José Aguilar, especialista em energia.
Tarifas dos EUA pioram cenário econômico
A crise elétrica se soma a um cenário econômico já instável. A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 25% sobre países que comercializem petróleo venezuelano resultou em uma desvalorização recorde do bolívar. A Chevron, uma das últimas multinacionais ainda operando na Venezuela, anunciou sua saída do país, aumentando as incertezas sobre a economia local.
Embora o setor educacional tenha sido poupado da redução da jornada, enfrenta um problema grave: a fuga de professores, que já supera 70%. Com a crise energética e econômica se aprofundando, analistas questionam se a medida do governo conseguirá evitar apagões ou apenas agravará ainda mais a instabilidade na Venezuela.

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