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Violência cotidiana: mais uma operação policial paralisa parte do Rio e deixa um agente morto

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 19 de mai.
  • 2 min de leitura

Mais uma vez, a guerra urbana no Rio de Janeiro transformou um bairro inteiro em zona de exclusão. Nesta segunda-feira (19), uma operação da Polícia Civil na Cidade de Deus terminou com um agente da Core morto, 19 linhas de ônibus desviadas, unidades de saúde fechadas, escolas paralisadas e uma cidade refém da violência — da qual o Estado é, em partes iguais, vítima e autor.


José Antônio Lourenço, policial civil da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), foi baleado durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão. Levado em estado grave ao Hospital Lourenço Jorge, não resistiu. A morte de um servidor público em serviço é sempre trágica, e não se pode banalizar o risco enfrentado por agentes em territórios dominados por facções. Mas a rotina de operações armadas em áreas densamente povoadas precisa ser questionada: a quem elas servem, o que de fato resolvem, e a que custo social?


O bloqueio da Linha Amarela — uma das principais vias expressas da cidade — parou o trânsito no sentido Fundão. Lixeiras e caçambas foram usadas como barricadas e precisaram ser removidas pela polícia. Enquanto isso, a população da Cidade de Deus e adjacências vive mais um dia sob cerco. Três unidades de saúde fecharam as portas. Aulas foram suspensas em todas as escolas municipais da região. Uma escola estadual também interrompeu suas atividades.


Segundo a RioÔnibus, essa já é a quinta vez apenas neste mês que o transporte público precisa ser desviado por conta de confrontos armados. E a pergunta que ecoa é: até quando os moradores — trabalhadores, crianças, idosos, pacientes — terão suas vidas interrompidas como efeito colateral da política de segurança do Estado?


A operação pode ter terminado no papel às 14h47, com a normalização das linhas de ônibus, mas o medo permanece. As consequências, como sempre, recaem sobre quem menos tem a ver com o problema: a população que vive cercada por um Estado que aparece com fuzis, mas não com políticas públicas.


A morte do policial é lamentável. Mas também é urgente discutir o modelo de enfrentamento adotado nas comunidades do Rio. Insistir em ações que deixam um rastro de paralisações, medo e destruição cotidiana — sem resultados duradouros na segurança — não é apenas ineficaz: é desumano.



 
 
 

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