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Violência Letal Avança no Rio em Contraponto ao Quadro Nacional, Aponta Atlas da Violência 2025

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 12 de mai.
  • 2 min de leitura

Enquanto o Brasil registrou queda de 1,4% nas mortes violentas em 2023, o estado do Rio de Janeiro seguiu na contramão da tendência nacional. Dados do Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revelam que os homicídios no território fluminense cresceram 14,1% em relação ao ano anterior.


O aumento se traduz em números alarmantes: 4.292 assassinatos em 2023, contra 3.762 em 2022 — 530 mortes a mais. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes, indicador que mede o risco de morte violenta ajustado ao tamanho da população, também apresentou crescimento expressivo de 13,6%, enquanto a média nacional recuou 2,3%.


Especialistas ouvidos pelo relatório apontam fatores estruturais como motor dessa escalada. Entre eles, a disputa por territórios entre facções criminosas, a presença de milícias e o acesso facilitado a armas de fogo em áreas urbanas densamente povoadas.


Subnotificação e falhas nos registros


Além da alta nos homicídios, o estudo chama atenção para um problema crônico: a subnotificação. O Rio de Janeiro continua entre os estados com mais casos de Mortes Violentas por Causa Indeterminada (MVCI) — quando não se consegue determinar se o óbito foi causado por homicídio, suicídio ou acidente.


Em 2023, foram registrados 122 casos com essa classificação. Apesar da queda em relação aos 843 de 2022, a persistência desse tipo de registro indica fragilidades nos mecanismos de investigação e notificação. Rio, São Paulo, Minas Gerais e Bahia concentram 66,4% das MVCIs de todo o país.


Mulheres em maior risco


O cenário também se agrava para as mulheres. O Rio teve um dos maiores aumentos na taxa de homicídios femininos entre 2022 e 2023: 28,6%. O Atlas não detalha quantos desses crimes foram classificados como feminicídios, mas destaca que, em muitos casos, os assassinatos têm ligação com violência doméstica e com conflitos em territórios dominados por grupos armados.


A escalada acende o alerta para a fragilidade das políticas de proteção às mulheres em contextos onde o Estado se faz ausente e o crime organizado impõe suas próprias regras.


Por que a taxa por 100 mil importa


Os autores do estudo reforçam a importância de analisar a violência com base na taxa de homicídios por 100 mil habitantes, e não apenas em números absolutos. Essa métrica permite comparações mais justas entre estados com populações distintas e facilita o direcionamento de políticas públicas mais eficazes.


É com base nesse indicador que governos devem planejar ações como o reforço do policiamento, a implantação de programas de prevenção e o investimento em infraestrutura social.


Violência endêmica e impunidade


O Atlas da Violência 2025 reafirma que o Rio de Janeiro enfrenta um ciclo persistente de violência letal. A combinação entre disputas territoriais, tráfico, milícias, acesso a armamentos e um sistema estatal incapaz de registrar adequadamente os crimes contribui para a manutenção de um cenário de insegurança crônica.


Os dados utilizados no estudo são extraídos de bases oficiais como o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, além da PNAD Contínua do IBGE.


O desafio à frente é romper com a lógica da repressão isolada e avançar para um modelo de segurança pública integrado, que ataque as raízes da violência e garanta direitos básicos à população fluminense.



 
 
 

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