top of page
Buscar

Violência racista contra Carol Dartora escancara o ódio impune que persiste no Congresso e na sociedade

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • há 6 dias
  • 2 min de leitura

Mais uma vez, a deputada federal Carol Dartora (PT-PR) foi atacada com ofensas racistas, desta vez por um homem de 54 anos, de Pernambuco, que enviou um áudio no qual a chama de “maconheira filha da puta” e diz que ela deveria “voltar pro jardim zoológico”. O autor foi identificado e autuado por injúria racial, crime que, apesar da gravidade, ainda encontra terreno fértil na banalização cotidiana do racismo no Brasil – inclusive dentro das instituições democráticas.


A Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados iniciou a investigação após o registro do boletim de ocorrência na última quinta-feira (8), e reiterou a importância de identificar e punir autores de crimes de ódio em ambientes virtuais. Mas a pergunta que fica é: até quando parlamentares negras como Carol Dartora terão que se blindar todos os dias para sobreviver num ambiente que insiste em violentá-las com base apenas na cor de sua pele?


Desde que assumiu o mandato, Dartora acumula mais de 40 mensagens com ameaças e ofensas de cunho racista. Já foi chamada de “macaca”, incentivada ao suicídio, ameaçada de morte. A reação institucional até existe, mas segue tímida diante da recorrência e da impunidade que ainda permeia esses crimes. O que seria um escândalo inaceitável se dirigido a qualquer outra figura pública, parece ser apenas “mais um caso” quando a vítima é uma mulher negra, de esquerda, com voz ativa contra o racismo estrutural.


A retórica de ódio racial, especialmente nas redes sociais, não é apenas uma agressão pessoal — é um ataque político contra a presença de corpos negros no poder. Não é só Carol Dartora quem está na mira: é o direito de existir, de ocupar espaços de decisão e de denunciar as estruturas que sustentam a desigualdade. Cada áudio racista, cada ameaça ignorada, é um recado que diz: “não queremos vocês aqui”.


É preciso ir além da formalidade das autuações. O Congresso precisa assumir com seriedade o compromisso de proteger seus membros contra o racismo e a misoginia. O Judiciário precisa acelerar a responsabilização dos agressores. E a sociedade precisa parar de tratar o racismo como “opinião”.


Enquanto isso não acontece, Carol Dartora e tantas outras seguem enfrentando não apenas seus opositores políticos, mas uma violência histórica que insiste em lhes negar humanidade.



 
 
 

Comments


bottom of page