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Volta Redonda aposta em turismo social e leva idosos ao Le Canton em 2025: política pública ou vitrine eleitoral?

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 16 de mai.
  • 2 min de leitura

A festa foi animada, o salão lotado e o anúncio empolgante: a tradicional Viagem da Melhor Idade, promovida pela Prefeitura de Volta Redonda, levará mais uma vez milhares de idosos ao luxuoso hotel Le Canton, em Teresópolis. O evento, realizado no Clube Comercial do bairro Colina, mais pareceu um comício festivo do que uma ação institucional. Com direito a show, discursos emocionados e transmissão por chamada de vídeo internacional, o anúncio revelou o que já se tornou rotina no calendário político da cidade: o uso de políticas públicas sociais como vitrine de popularidade.


Embora seja inegável o valor social do projeto “Viva a Melhor Idade” — que promove lazer, socialização e qualidade de vida para os idosos inscritos nas atividades da Smel e da Smas —, também é impossível ignorar o caráter político-eleitoral que essas viagens carregam. Em pleno ano pré-eleitoral, o prefeito Antonio Francisco Neto reforçou sua promessa de manter o programa enquanto estiver no cargo e fez questão de enaltecer aliados estratégicos como o governador Cláudio Castro, o deputado federal Dr. Luizinho e o estadual Munir Neto. Tudo sob aplausos e em clima de campanha.


O problema não está no benefício, mas no modelo de divulgação e na ausência de transparência sobre os custos e critérios da seleção. Quantos milhões são investidos anualmente nas 22 viagens anunciadas para 2025? Quais os critérios técnicos utilizados para a escolha dos destinos? Há licitação transparente para contratação dos serviços? Enquanto esses dados não são divulgados, o que se vê é uma estratégia política embalada com laços dourados.


Por outro lado, é inegável que o projeto tem forte apelo popular. Histórias como a da dona Eliane, do bairro Rústico, que viaja com o grupo desde 2007, e do seu Afonso, que já soma quatro viagens, dão o tom emocional da iniciativa. A estrutura do passeio também impressiona: hospedagem com pensão completa, baile, chá da tarde com violinista, recreação, parque aquático e até visita à Fazenda Suíça.


Mas ao mesmo tempo que a prefeitura garante diversão para a terceira idade, Volta Redonda enfrenta problemas crônicos: unidades de saúde com estrutura precária, transporte público deficitário, obras de mobilidade paradas e bairros periféricos esquecidos. O contraste entre o investimento em turismo de luxo e a realidade cotidiana de muitos cidadãos deveria ser, no mínimo, pauta de reflexão.


Projetos como a Viagem da Melhor Idade têm sim seu valor social, mas precisam ser geridos com responsabilidade, transparência e sem viés eleitoreiro. Benefício não pode ser moeda de troca política, tampouco palanque disfarçado de festa. Se o programa é tão bem-sucedido como parece, que seja transformado em política de Estado, com controle social e garantias de continuidade, independentemente de quem esteja no poder.


Afinal, envelhecer com dignidade é um direito. Transformar isso em marketing, não.


Foto Cris Oliveira


 
 
 

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