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Volta Redonda mantém viva a única escola pública de hipismo do país — e colhe os frutos com atletas no Campeonato Brasileiro

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 24 de jun.
  • 3 min de leitura

Em meio ao desmonte de tantas políticas públicas no Brasil, Volta Redonda segue na contramão. A cidade fluminense abriga a única escola pública de hipismo em atividade reconhecida pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) — e o projeto acaba de alcançar mais uma marca histórica. Quatro alunos da Escola Municipal de Hipismo (EMHVR) foram convocados para representar o estado do Rio de Janeiro no Campeonato Brasileiro da modalidade, que será disputado entre os dias 3 e 7 de julho, em Brasília.


O feito não é pequeno. Criada em 2003, a EMHVR sobreviveu a diferentes gestões e continua sendo referência nacional — um raro caso de política pública esportiva mantida com continuidade, foco e resultados. Mais do que formar atletas, a escolinha instalada na Ilha São João transforma vidas, abrindo portas para crianças e adolescentes que dificilmente teriam acesso ao universo elitizado do hipismo.


A delegação contará com 13 alunos no total, sendo quatro deles competidores efetivos e os demais acompanhantes, que vivenciarão de perto a experiência de um campeonato nacional. A equipe será liderada pelo treinador Yasser Pereira, referência no projeto, e acompanhada por membros da Fundação Beatriz Gama (FBG), responsável pela manutenção da escola.


Na preparação para o Brasileiro, os jovens cavaleiros e amazonas se destacaram no Campeonato Estadual, com destaque para Isabela, que conquistou o 3º lugar geral na categoria Aspirante. O treinador Yasser acredita em um desempenho ainda melhor que o de 2023, em Curitiba. “Vamos competir com os melhores do país. Nosso foco é superação, aprendizado e medalhas”, disse.


O diretor-presidente da FBG, Vitor Hugo Gonçalves de Oliveira, também enxerga um avanço social concreto. “Isso é muito mais do que resultado esportivo. É uma iniciativa pública que transforma a realidade de meninos e meninas da cidade. É o tipo de projeto que deveria ser replicado por todo o Brasil.”


Durante visita ao prefeito Antonio Francisco Neto, que fundou a escola em seu mandato de 2003, a equipe celebrou os bons resultados e reafirmou o compromisso com a continuidade do projeto. “O brilho no olho dessas crianças é o que nos move”, disse o prefeito, relembrando o histórico da cidade também com outras iniciativas esportivas, como as escolinhas de skate, beach tennis e tênis.


Hipismo para todos


A EMHVR é tetracampeã brasileira no Concurso de Escolas de Equitação (CEE) e eneacampeã estadual. Mais de 1.500 crianças já passaram pelas aulas desde a fundação da escola, que permanece como um ponto fora da curva em um país onde o acesso a esportes equestres ainda é reservado a uma minoria com poder aquisitivo.


O impacto da iniciativa é perceptível também na rotina das famílias. Miguel Felipe, por exemplo, começou na escolinha no ano passado e já venceu seu primeiro campeonato. Sua mãe, Keira Martins Passos, viu uma transformação imediata no filho. “É um projeto que mudou a vida do meu filho. Ele adora os cavalos e passou a ser ainda mais dedicado na escola. E o mais importante: é algo que eu jamais poderia pagar se não fosse público.”


Como participar


A escola oferece aulas gratuitas para crianças e adolescentes de 8 a 16 anos, mediante apresentação de comprovante de residência em Volta Redonda, matrícula escolar e documento de identidade. As aulas acontecem de terça a quinta-feira, na Ilha São João, e a procura é grande. Há fila de espera — um sinal claro da demanda reprimida por acesso ao esporte de qualidade.


Enquanto a maioria dos municípios ainda engatinha na inclusão esportiva, Volta Redonda segue trotando firme, com rédeas firmes e olhos no horizonte.



Foto Adriana Cópio


 
 
 

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