Vorcaro diz ao STF que liquidação do Banco Master foi inesperada e nega irregularidades
- Marcus Modesto
- há 4 horas
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Em depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (30), o banqueiro Daniel Vorcaro afirmou ter sido pego de surpresa com a decisão do Banco Central de decretar a liquidação do Banco Master. Segundo ele, até a data da intervenção a instituição mantinha condições de solvência e vinha cumprindo normalmente seus compromissos financeiros.
O interrogatório durou cerca de três horas e foi conduzido pela delegada da Polícia Federal Janaína Palazzo, responsável pelo pedido de prisão do empresário feito em novembro. Vorcaro respondeu a todos os questionamentos e negou qualquer prática ilegal durante sua gestão à frente do banco.
A oitiva foi determinada pelo ministro Dias Toffoli, relator no STF do inquérito que investiga suspeitas relacionadas à administração do Master e a operações financeiras realizadas antes da liquidação, ocorrida em 18 de novembro.
Questionamentos ao Banco Central e negociação frustrada
Durante o depoimento, Vorcaro fez críticas diretas à atuação do Banco Central. De acordo com relatos de pessoas presentes na audiência, ele sustentou que a intervenção inviabilizou uma solução de mercado que estava em curso. Um dia antes da liquidação, segundo o banqueiro, havia sido apresentada ao próprio BC uma proposta de venda do Banco Master a um grupo de investidores estrangeiros, ligados aos Emirados Árabes Unidos.
Na avaliação de Vorcaro, a medida interrompeu as negociações e agravou a situação da instituição, que enfrentava dificuldades de liquidez, mas não apresentava inadimplência nem descumprimento de obrigações financeiras. Procurado, o Banco Central não comentou as declarações.
Venda de créditos ao BRB entra no centro da investigação
Outro ponto abordado foi a operação que envolveu a venda de R$ 12,2 bilhões em carteiras de crédito consignado ao Banco de Brasília (BRB). Vorcaro afirmou que a transação não trouxe prejuízos ao banco público, já que as carteiras teriam sido substituídas por outros ativos do Master, com deságio de 30%.
Segundo ele, essa estrutura permitiu ao BRB recompor seu patrimônio e afastou qualquer risco de perdas financeiras. O empresário reiterou que o banco estatal não sofreu dano com a operação.
A Polícia Federal, porém, vê o negócio com desconfiança. Os investigadores apuram a suspeita de que informações incorretas teriam sido repassadas ao Banco Central sobre a origem dos créditos e que a operação teria sido desenhada para socorrer o Banco Master sem observar critérios técnicos exigidos.
Aportes bilionários e acareação
Vorcaro declarou ainda que realizou aportes pessoais da ordem de R$ 6 bilhões para enfrentar a crise de liquidez do banco. Mesmo assim, afirmou que a instituição manteve o pagamento de suas obrigações e não registrou inadimplência.
Após o depoimento, o banqueiro participou de uma acareação com o ex-presidente do BRB, Paulo Henrique Costa. A diligência buscou esclarecer divergências existentes entre os relatos prestados por ambos ao longo da investigação.
Em nota, a defesa de Daniel Vorcaro afirmou que os esclarecimentos prestados ao STF demonstram a inexistência de fraude. Segundo o advogado Sérgio Leonardo, os depoimentos reforçam que as operações realizadas não causaram prejuízo ao BRB e ajudam a esclarecer os fatos apurados no inquérito.




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