A Defesa de Bolsonaro e a Tentativa de Invalidar as Provas
- Marcus Modesto
- 7 de mar.
- 2 min de leitura
A estratégia jurídica da defesa de Jair Bolsonaro segue um roteiro previsível: atacar as provas, questionar a condução do processo e tentar adiar ao máximo o julgamento. O novo pedido encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para anular a delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, é mais uma peça dessa tentativa de desqualificar as investigações sobre a trama golpista.
Os advogados alegam “falta de voluntariedade” no acordo de colaboração de Cid, classificando-o como “viciado” e repleto de “mentiras, omissões e contradições”. A tese, no entanto, ignora um detalhe fundamental: Mauro Cid fez sua delação com o respaldo da Procuradoria-Geral da República (PGR), e seu conteúdo não apenas se sustenta como já foi corroborado por outras provas e depoimentos. Ou seja, trata-se de um esforço desesperado da defesa para invalidar um testemunho que compromete diretamente Bolsonaro.
Além da tentativa de anulação da delação, a defesa também pede que o ministro Alexandre de Moraes deixe a relatoria da denúncia, argumentando que, pelo princípio do juiz de garantias, ele não poderia atuar no julgamento. No entanto, esse mecanismo ainda não foi implementado no STF, e Moraes continua sendo o relator de processos envolvendo Bolsonaro justamente por sua conexão com inquéritos já em andamento.
Outra alegação feita pelos advogados é a suposta falta de acesso integral às provas, um argumento já utilizado em outros momentos para tentar tumultuar o andamento do processo. E, como se não bastasse, pedem que o julgamento ocorra no plenário do STF, e não na Primeira Turma, na esperança de que o aumento no número de ministros julgadores possa favorecer Bolsonaro.
A cada novo movimento da defesa, fica evidente a estratégia: desacreditar testemunhas, adiar prazos e buscar brechas para invalidar as provas mais contundentes. No entanto, as evidências continuam a se acumular, e o STF terá que decidir se cederá a essas manobras ou se manterá o curso da Justiça.
Foto Valter Campanato

Comments