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Atentado em Washington expõe feridas abertas no conflito Israel-Palestina e a escalada do ódio global

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • há 6 horas
  • 2 min de leitura

O assassinato de dois funcionários da Embaixada de Israel nos Estados Unidos, na noite desta quarta-feira (21), em frente ao Museu Judaico de Washington, é mais do que um episódio isolado de violência. É o reflexo de um mundo cada vez mais tensionado, no qual as fronteiras entre diplomacia, conflito e discurso de ódio estão perigosamente diluídas.


As vítimas, Yaron Lischinsky e Sarah Lynn Milgrim, jovens diplomatas que, segundo autoridades israelenses, planejavam noivar na próxima semana, foram mortos a tiros em um ataque que chocou a capital americana. O suspeito, Elias Rodriguez, de 30 anos, foi preso no local, gritando “Palestina Livre”, segundo relatos da polícia.


O fato ocorre no contexto de um dos momentos mais críticos da história recente do conflito entre Israel e Palestina. Desde outubro de 2023, a Faixa de Gaza vive sob bombardeios constantes das forças israelenses, resultando, segundo o Ministério da Saúde local, em mais de 60 mil mortes, em sua maioria civis. Ao mesmo tempo, o massacre promovido pelo Hamas no ataque de outubro, que matou 1.200 israelenses, alimentou uma espiral de violência que parece não ter fim.


Ao associar, preliminarmente, o crime ao grito por uma “Palestina Livre”, autoridades americanas e israelenses não hesitaram em classificar o atentado como um ato antissemita e terrorista. De fato, qualquer atentado contra civis ou diplomatas deve ser repudiado com veemência. No entanto, ignorar as camadas políticas, sociais e humanitárias que sustentam esse cenário seria não apenas ingênuo, mas irresponsável.


O presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reagiram com declarações previsíveis, reforçando o discurso do enfrentamento e da segurança, enquanto a raiz do problema – a ocupação, a violação de direitos humanos e o bloqueio à população palestina – segue sendo tratada como nota de rodapé nas mesas diplomáticas do Ocidente.


O episódio expõe o quanto o acirramento da violência no Oriente Médio ultrapassa fronteiras e reverbera em sociedades distantes, alimentando atos extremos, discursos de ódio e rupturas sociais. Se é verdade que o extremismo deve ser combatido em qualquer lado, também é verdade que não se pode dissociar esses atos do cenário de genocídio que se desenrola na Faixa de Gaza, ignorado por governos, blindado nas grandes corporações de mídia e normalizado pelos aliados históricos de Israel.


A morte de Yaron e Sarah é, sim, uma tragédia, como são tragédias diárias as mortes de milhares de civis palestinos — crianças, mulheres, idosos — soterrados sob os escombros de um conflito assimétrico, onde um lado dispõe do mais avançado arsenal militar e o outro, de resistência desesperada e gritos por liberdade.


O que aconteceu em Washington não é apenas um crime. É mais um sintoma de um mundo adoecido pela intolerância, pela indiferença e pela incapacidade de enxergar que não haverá segurança, paz ou diplomacia enquanto a justiça não for também para os palestinos.


As investigações seguem, e o mundo observa. Mas enquanto se condenam, com razão, atos isolados de violência, o silêncio diante de massacres em larga escala seguirá sendo a face mais cruel da hipocrisia internacional.


 
 
 

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