Capacitação emocional ou maquiagem institucional?

Nesta segunda-feira (14), a Prefeitura de Barra Mansa promoveu, em parceria com o Sebrae, uma capacitação sobre habilidades emocionais voltada aos servidores da Assistência Social. O evento aconteceu no CEI Saturnina de Carvalho e Vieira da Silva e contou com a palestra da neurocientista Márcia Gonçalves, que abordou temas como saúde emocional, respeito no ambiente de trabalho e preservação pessoal.

A iniciativa, à primeira vista, parece positiva. Afinal, quem pode ser contra a promoção do bem-estar emocional no serviço público? No entanto, é preciso olhar além do discurso e avaliar o impacto real dessas ações. Capacitações pontuais, ainda que bem-intencionadas, têm se tornado uma constante nas administrações públicas como forma de sinalizar cuidado com os servidores, mas pouco se fala sobre as reais condições de trabalho nas estruturas municipais — especialmente em setores como a Assistência Social, sobrecarregada e subfinanciada.

O discurso da secretária Joseane Ricarte, que celebrou a parceria com o Sebrae, também merece ser questionado: quais mudanças estruturais estão sendo implementadas para além dos cursos eventuais? Como anda a valorização salarial, a oferta de suporte psicológico contínuo e o combate ao assédio moral e institucional dentro da máquina pública?

A formação sobre saúde emocional é válida — e necessária —, mas só faz sentido se vier acompanhada de ações concretas. Caso contrário, corre o risco de funcionar como uma espécie de “pílula de bem-estar”, aliviando momentaneamente sintomas de uma estrutura doente, sem tratar as causas profundas do adoecimento dos servidores públicos.

Nesta quarta-feira (16), uma nova capacitação está marcada, desta vez com foco em liderança. Mais uma oportunidade para que o poder público reflita: está formando líderes ou apenas repassando discursos motivacionais em ambientes que continuam adoecendo quem neles trabalha?

Foto Secom PMBM