Valdemar Costa Neto diz ao STF que foi pressionado por deputados do PL a questionar urnas eletrônicas
- Marcus Modesto
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O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a ação apresentada pelo partido contra as urnas eletrônicas, após o segundo turno das eleições de 2022, foi resultado de pressão de deputados da própria legenda. Segundo ele, a iniciativa foi tomada “contra sua vontade” e causou grande prejuízo político e financeiro ao PL.
A declaração foi prestada durante a investigação do chamado “núcleo 4” da suposta tentativa de golpe de Estado, que reúne aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo Valdemar, os parlamentares cobravam um posicionamento mais duro contra o sistema eleitoral brasileiro, mesmo sem que houvesse qualquer prova de irregularidade.
— Fui pressionado pelos deputados, que inclusive vazaram informações de que eu teria dúvidas sobre o funcionamento das urnas. Isso não é verdade. A ação foi movida contra a minha vontade, mas houve uma pressão muito grande para tornar pública essa contestação junto ao TSE — afirmou o dirigente partidário.
Multa milionária
A ofensiva judicial do PL foi rejeitada de forma unânime pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que ainda aplicou uma multa de R$ 22,9 milhões ao partido, por litigância de má-fé — quando há tentativa de enganar a Justiça ou de atrasar deliberadamente o processo. Valdemar classificou a decisão como um “prejuízo enorme”.
— Levamos uma multa de R$ 23 milhões por causa desse questionamento. Foi um erro que custou caro — lamentou.
Contradições dentro do partido
Não é a primeira vez que Valdemar tenta se distanciar da estratégia de contestação eleitoral adotada após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2023, ele já havia declarado à Polícia Federal que não tinha dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas e que a ação no TSE foi fruto de pressões internas, inclusive do ex-presidente Jair Bolsonaro.
— Já participei de várias eleições e nunca presenciei nada que desabonasse o sistema. Não concordo com a fala do presidente Bolsonaro. Inclusive, orientei a bancada do partido a votar contra o voto impresso — afirmou à época.
As falas de Valdemar reacendem o debate sobre a responsabilidade de líderes partidários na escalada de desinformação que marcou o pós-eleição de 2022. O PL, que elegeu a maior bancada da Câmara, agora tenta se reposicionar politicamente em meio às investigações sobre a tentativa de ruptura institucional que abalou a democracia brasileira.
