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Comunidade Quilombola Alto da Serra do Mar Celebra Decreto Presidencial de Reconhecimento

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 20 de jan.
  • 2 min de leitura

A comunidade Quilombola Alto da Serra do Mar, localizada no distrito de Lídice, em Rio Claro (RJ), comemorou com entusiasmo a publicação, em 20 de setembro, do Decreto Presidencial que declarou o Território Quilombola Alto da Serra do Mar como de interesse social. Para os membros da comunidade, este é um momento de vitória após anos de luta e resistência.


Terezinha Antero, de 77 anos, expressou sua emoção ao celebrar a conquista. “Fomos da humilhação a motivo de orgulho graças à nossa luta”, afirmou Dona Terezinha, que chegou ao quilombo aos oito anos de idade, na década de 1950, vindo de Passa Três, outro distrito de Rio Claro. Membro da família Antero, ela se casou com Benedito Leite em 1965, unindo as duas famílias descendentes de trabalhadores escravizados que viviam nas antigas fazendas de café do Vale do Paraíba. Juntas, essas famílias resistiram e sobreviveram ao longo dos anos, com a extração de carvão vegetal e a colheita de palmito, atividades que foram posteriormente proibidas.


Com a necessidade de adaptação às mudanças econômicas e sociais, a comunidade recorreu à agricultura familiar, produzindo alimentos como banana, milho, feijão, hortaliças, coco e aipim. “A dificuldade era conseguir vender. Mas mesmo assim a gente fazia esse caminho aqui a pé, o caminho do ouro, pegava o ônibus lá embaixo e vendia a produção em Angra dos Reis”, relatou Benedito Leite Filho, o Bené, presidente da Associação Quilombola Alto da Serra do Mar.


Ao longo das décadas, a comunidade enfrentou desafios significativos, incluindo disputas judiciais sobre a posse de suas terras. A partir dos anos 80, as famílias da comunidade sofreram com reintegrações de posse, penhoras, leilões e até ameaças de desapropriação. No entanto, a resistência foi constante, com apoio jurídico do projeto Balcão de Direitos, da ONG Koinonia, e a intervenção da Defensoria Pública. “O pessoal chegava e dizia ‘sou dono do pedaço, eu sou dono do outro’. Resistimos com o apoio dos advogados e da Defensoria Pública”, lembrou Bené.


O momento de celebração foi ainda mais significativo com o retorno de Maria Lúcia, superintendente do Incra, que atuou anteriormente na Defensoria Pública e foi fundamental no apoio à causa quilombola. Ela, que esteve ao lado da comunidade desde o início da luta pelo reconhecimento do território, agora anuncia o Decreto Presidencial que finalmente reconhece o direito territorial da comunidade Alto da Serra do Mar.


Este reconhecimento oficial representa não apenas uma conquista legal, mas também um simbolismo de resistência e valorização das tradições e cultura quilombola. A comunidade celebra a vitória, mas também reafirma o compromisso de seguir lutando pela preservação de sua história e pela garantia de seus direitos.

Fonte Pavio Curto


Foto Pavio Curto


 
 
 

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