Círio de Nazaré em Saquarema une fé, turismo e identidade cultural no litoral fluminense
- Marcus Modesto
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Muito antes de Belém transformar o Círio de Nazaré em uma das maiores procissões religiosas do mundo, Saquarema, na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, já cultivava sua devoção a Nossa Senhora de Nazaré. Em 2025, a cidade chega à 393ª edição da festa, reconhecida como a mais antiga do Brasil dedicada à santa, e deve receber cerca de meio milhão de fiéis.
O evento, que começou neste domingo (7) com o tradicional Círio das Águas, encerra-se nesta segunda-feira (8), feriado municipal em homenagem à padroeira. A celebração é considerada patrimônio cultural imaterial e se consolidou como um dos principais símbolos de identidade e memória da cidade.
Tradição que move gerações
A devoção nasceu em 1630, quando pescadores encontraram uma pequena imagem da santa no alto de uma colina. O relato de que a escultura sempre retornava sozinha ao local original foi interpretado como sinal divino, levando à construção de uma capela e, posteriormente, da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, concluída em 1837.
Quase quatro séculos depois, a fé se mantém como motor de encontros, lendas e promessas, renovando-se a cada geração.
Festa religiosa, impacto econômico
Mais do que um ato de fé, o Círio se transformou em um grande evento cultural e turístico. Durante os dias de celebração, Saquarema registra aumento na rede hoteleira, no comércio e nos serviços de alimentação. Peregrinos chegam de várias regiões do Brasil e até do exterior, movimentando a economia local.
A cidade se prepara para acolher esse público com infraestrutura reforçada, missas campais, shows religiosos e feiras culturais que envolvem artistas locais e artesãos. Para os moradores, a festa não apenas fortalece a espiritualidade, mas também valoriza o patrimônio cultural e estimula a economia criativa.
O Círio das Águas e a memória coletiva
O ponto alto das comemorações ocorre na Lagoa de Saquarema, onde centenas de embarcações ornamentadas participam do Círio das Águas. A tradição surgiu em 1915, após o episódio conhecido como “milagre da chuva”, quando a imagem saiu em procissão extraordinária e, ao retornar à igreja, uma forte tempestade encerrou um longo período de seca. Desde então, a procissão fluvial se repete todos os anos, reafirmando o elo entre fé e natureza na identidade da cidade.
Patrimônio vivo
Mais do que uma festa religiosa, o Círio de Nazaré em Saquarema é expressão de um patrimônio vivo, que une espiritualidade, turismo e cultura popular. Ao chegar à 393ª edição, a celebração reforça não apenas a fé dos devotos, mas também o lugar da cidade no cenário nacional como polo de tradições seculares capazes de moldar a vida social, cultural e econômica de uma comunidade inteira.
Foto Divulgação
