Desigualdade estrutural persiste no Brasil: Sul Fluminense avança, mas enfrenta seus próprios desafios
- Marcus Modesto
- 8 de mai.
- 2 min de leitura
Um novo estudo da Firjan, divulgado nesta quinta-feira (8), jogou luz sobre uma realidade já conhecida, mas ainda alarmante: quase metade dos municípios brasileiros segue em níveis críticos ou baixos de desenvolvimento. O Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) de 2023 revela que mais de 57 milhões de brasileiros vivem em cidades onde saúde, educação e emprego caminham lentamente — quando caminham. E embora o país como um todo tenha melhorado sua média em uma década, o avanço é marcado por disparidades profundas entre regiões, estados e municípios.
No Sudeste, o Rio de Janeiro surge como uma exceção negativa. Enquanto estados como São Paulo exibem índices robustos, com menos de 1% de seus municípios classificados como de baixo ou crítico desenvolvimento, o território fluminense amarga um índice de 31,8% de cidades nesta faixa. É o pior desempenho regional entre os estados do Sudeste — e isso exige um olhar crítico e urgente sobre as políticas públicas locais.
Sul Fluminense: avanços pontuais, estagnações crônicas
No contexto do Sul Fluminense, a realidade é complexa. Municípios como Volta Redonda e Resende apresentam IFDM moderado, puxados por setores industriais e iniciativas pontuais na área da saúde e educação. Volta Redonda, com histórico de investimentos em saúde preventiva e uma rede educacional estruturada, tende a se manter acima da média estadual. Resende, com sua base industrial e forte presença militar, também se destaca.
No entanto, quando se olha para cidades menores como Quatis, Rio Claro, Porto Real e até partes de Barra Mansa, o cenário é outro: instabilidade na geração de empregos, redes de saúde fragilizadas e um sistema educacional que, em muitos casos, ainda depende de estruturas precárias. A desigualdade dentro da própria região é um espelho da desigualdade nacional.
O atraso calculado: 23 anos de defasagem
O economista-chefe da Firjan, Jonathas Goulart, foi claro ao afirmar que os municípios com menor desenvolvimento estão, na prática, com 23 anos de atraso em relação às cidades mais desenvolvidas. Isso significa que, se nada for feito de forma coordenada e estrutural, cidades do Sul Fluminense que hoje lutam para manter um índice mínimo de desenvolvimento só alcançarão o patamar atual das cidades líderes por volta de 2046.
É hora de cobrar mais que promessas
Diante desses dados, não há mais espaço para discursos fáceis ou investimentos desconectados da realidade. Municípios do Sul Fluminense precisam de planejamento territorial eficiente, parcerias públicas e privadas mais efetivas e políticas públicas que não apenas apaguem incêndios pontuais, mas criem uma base sólida para crescimento sustentável. A desigualdade regional não é um fenômeno natural, é resultado de decisões — ou da ausência delas.

Fica o alerta: o Sul Fluminense pode até não estar entre os piores do país, mas continua longe do topo. E se a inércia continuar sendo a principal política de muitos gestores locais, o futuro será apenas uma repetição frustrante do presente.




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