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Editor da “The Atlantic” revela detalhes sobre vazamento acidental de segredos militares dos EUA

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 25 de mar.
  • 2 min de leitura

O editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, divulgou detalhes inéditos sobre como teve acesso a informações sigilosas do governo dos Estados Unidos. Segundo Goldberg, integrantes da alta cúpula da gestão de Donald Trump compartilharam, de forma imprudente, dados sensíveis em um grupo no aplicativo Signal — no qual o próprio jornalista foi incluído por engano.


Em entrevista à newsletter The Atlantic Daily, Goldberg relatou sua surpresa ao perceber que estava recebendo informações classificadas. “Foi como um gotejamento intravenoso de dados que ninguém no governo acredita que jornalistas deveriam ter”, afirmou. O editor destacou que, embora já tenha lidado com vazamentos em sua carreira, a situação atual foi “simplesmente imprudente”.


De acordo com a reportagem, as mensagens vazadas revelam detalhes de ofensivas militares dos EUA contra os rebeldes houthis, no Iêmen. O grupo, apoiado pelo Irã, tem realizado ataques a embarcações no mar Vermelho em solidariedade aos palestinos na Faixa de Gaza, região alvo de bombardeios israelenses.


Entre as autoridades que compartilharam informações no grupo, Goldberg identificou o vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, e o secretário de Defesa, Pete Hegseth. As mensagens incluíam detalhes sobre operações militares futuras, com horários específicos das ofensivas.


“Apenas odeio salvar a Europa de novo”


Além dos detalhes operacionais, as mensagens revelam críticas diretas dos líderes americanos às potências europeias aliadas dos Estados Unidos. Em uma das conversas, Vance menciona que apenas “3% do comércio americano passa pelo Canal de Suez”, em contraste com “40% do comércio europeu”, sugerindo que as operações militares no Iêmen beneficiariam mais a Europa do que os EUA.


“Eu apenas odeio salvar a Europa de novo”, declarou Vance no grupo. O secretário de Defesa, Pete Hegseth, concordou com a crítica: “Eu compartilho totalmente do seu desprezo pelos aproveitadores europeus. É PATÉTICO”, escreveu.


Em outro trecho das mensagens, Hegseth discute o impacto da ofensiva na opinião pública americana. “A mensagem vai ser difícil de qualquer maneira – ninguém sabe quem são os Houthis – e é por isso que precisamos nos concentrar em: 1) Biden falhou e 2) O Irã financiou”, sugeriu o secretário.


A reportagem destaca que, após os ataques aos Houthis, o assessor de Trump, Michael Waltz, criticou publicamente as ações do governo Joe Biden, classificando-as como “alfinetadas” pouco efetivas em comparação com as medidas da gestão anterior.


Falha de segurança e possíveis violações de lei


Goldberg revelou que percebeu o vazamento quando recebeu uma mensagem do contato identificado como Hegseth. Inicialmente desconfiado, ele confirmou a autenticidade das informações ao observar que as operações militares mencionadas no grupo estavam acontecendo em tempo real.


O caso levanta preocupações sobre falhas na segurança de informações sensíveis e possíveis violações da lei federal de registros. Segundo The Atlantic, algumas mensagens do grupo foram configuradas para serem apagadas após um período, o que pode infringir normas que exigem a preservação de documentos oficiais.


Apesar da sensibilidade do conteúdo e do histórico de ataques de Trump contra a imprensa, Goldberg afirmou que seu dever como jornalista é publicar informações relevantes. “Não é meu papel me preocupar com ameaças ou retaliações. Tudo o que podemos fazer é, simplesmente, fazer nosso trabalho da melhor forma possível”, concluiu.


 
 
 

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