EUA divulgam novos documentos sobre assassinato de Robert F. Kennedy
- Marcus Modesto
- 18 de abr.
- 3 min de leitura
Mais de 10 mil páginas revelam anotações do atirador, rumores prévios e detalhes sobre clima político da década de 1960
A Administração Nacional de Arquivos e Registros dos Estados Unidos (NARA) divulgou nesta sexta-feira (18) cerca de 10 mil páginas de documentos relacionados ao assassinato do senador Robert F. Kennedy, ocorrido em junho de 1968. A liberação segue ordem do ex-presidente Donald Trump, que, ainda em seu mandato, defendeu a transparência em investigações históricas de alto impacto político.
Entre os documentos, chama atenção uma nota manuscrita por Sirhan Sirhan — condenado pelo homicídio em primeiro grau e preso até hoje — em que afirma que Robert “deve ser descartado como seu irmão foi”, referindo-se ao ex-presidente John F. Kennedy, assassinado em 1963. A mensagem foi escrita do lado de fora de um envelope endereçado ao diretor distrital da Receita Federal em Los Angeles.
Robert F. Kennedy foi atingido por três disparos em 5 de junho de 1968, momentos após discursar no Ambassador Hotel, em Los Angeles, comemorando sua vitória nas primárias democratas da Califórnia. Ele faleceu no dia seguinte, após 25 horas internado. Sirhan alegou, à época, que o crime foi motivado pelo apoio de Kennedy a Israel durante a Guerra dos Seis Dias.
Os arquivos recém-divulgados trazem também anotações em que Sirhan expressa desejo de “derrubar o atual presidente” — Lyndon Johnson, na época — além de declarações de apoio à China e à Rússia comunistas. “Ainda não tenho planos absolutos, mas em breve os elaborarei”, escreveu o atirador em uma das páginas.
Rumores antes do crime e novos detalhes do FBI
Parte dos documentos contém relatos curiosos: turistas que estiveram em Israel semanas antes do atentado relataram ao FBI terem ouvido boatos de que Kennedy já havia sido baleado. O conteúdo inclui ainda referências a investigações preliminares em outros estados, como Wisconsin e Nebraska, onde já se falava em ameaças ao senador.
Grande parte dos arquivos permaneceu por décadas em meio físico, sem digitalização, e sua liberação é parte de um esforço mais amplo iniciado pela administração Trump. No mês anterior, o governo já havia liberado cerca de 80 mil páginas sobre o assassinato de John F. Kennedy.
Embora os novos documentos não confirmem teorias da conspiração, especialistas apontam que eles lançam luz sobre aspectos pouco discutidos da política externa e interna dos Estados Unidos durante a Guerra Fria, incluindo atividades secretas do governo e monitoramento de figuras públicas.
Repercussão e impacto político
A liberação dos documentos ocorre após uma ordem executiva assinada por Trump em janeiro, exigindo também a publicação de arquivos relacionados ao assassinato de Martin Luther King Jr., morto dois meses antes de Robert Kennedy.
Robert F. Kennedy Jr., atual secretário de Saúde do governo Trump e filho do senador assassinado, elogiou a decisão. “Levantar o véu sobre os documentos de RFK é um passo necessário para restaurar a confiança no governo americano”, declarou.
Kennedy Jr., que já afirmou publicamente acreditar em múltiplos atiradores no crime contra seu pai, também reforça sua convicção de que a CIA teve envolvimento no assassinato de seu tio, John F. Kennedy — acusação que a agência nega com veemência.
As novas revelações reacendem os debates em torno de conspirações políticas da década de 1960 e alimentam um novo ciclo de questionamentos sobre os bastidores do poder nos Estados Unidos em meio à Guerra Fria.

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