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O fim da farsa: Bolsonaro deixa hospital e retoma agenda com foco na narrativa golpista

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 4 de mai.
  • 2 min de leitura

Após três semanas de internação, o ex-presidente Jair Bolsonaro anunciou que terá alta hospitalar neste domingo (4), direto do leito do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde se recuperou de uma cirurgia intestinal. Como já é de praxe, a notícia não veio por boletim médico formal, mas por mensagem de celular enviada a aliados, cercada de tons messiânicos e dramatização típica do discurso bolsonarista: “Obrigado meu Deus por mais esse milagre (12 horas de cirurgia)”, escreveu.


A saída de cena — neste caso, dos holofotes hospitalares — parece calculada. Bolsonaro, que durante anos se escorou na própria condição clínica para justificar ausências, adiar investigações ou manipular a comoção de apoiadores, retorna à arena pública mantendo o foco numa agenda de negação da Justiça: a defesa dos golpistas presos após os atos de 8 de janeiro.


A chamada “Marcha Pacífica da Anistia Humanitária”, marcada para quarta-feira (7) em Brasília, será o primeiro evento que o ex-presidente promete acompanhar após a recuperação. Ele a descreve como seu “próximo desafio”, mas a escolha do termo não disfarça o conteúdo político e provocador da mobilização. Não se trata de um apelo humanitário, e sim de uma tentativa clara de reescrever a história de um ataque criminoso às instituições democráticas, reduzindo os responsáveis a meros “perseguidos políticos”.


Enquanto isso, o bolsonarismo segue mobilizando redes sociais e desinformação, reforçando uma retórica de mártir, com Bolsonaro no centro da narrativa. O ex-presidente, mesmo sem mandato, ainda busca protagonismo político e influência sobre seus seguidores — muitos dos quais foram incentivados por ele a desafiar as regras do jogo democrático.


A alta hospitalar encerra mais um capítulo de uma estratégia conhecida: o corpo como instrumento de discurso político. A cada internação, uma nova chance de projetar fragilidade e ao mesmo tempo renascimento. A cada aparição, um novo ensaio de retorno, como se fosse inevitável seu lugar na história. Mas o tempo político de Bolsonaro parece cada vez mais preso ao passado — e o “milagre” que o trará de volta ao centro da disputa institucional, este sim, parece cada vez mais improvável.





 
 
 

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