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Pesquisa aponta queda no compartilhamento de notícias políticas em grupos de WhatsApp e aumento do receio de opinar

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • há 15 horas
  • 3 min de leitura

O compartilhamento de notícias e opiniões sobre política tem se tornado menos frequente em grupos de família, amigos e trabalho no WhatsApp. Além disso, mais da metade das pessoas que participam desses espaços afirma sentir medo de se posicionar politicamente, diante de um ambiente considerado hostil e agressivo.


As conclusões fazem parte do estudo “Os Vetores da Comunicação Política em Aplicativos de Mensagens”, divulgado nesta segunda-feira (15). O levantamento foi realizado pelo InternetLab, centro independente de pesquisa, em parceria com a Rede Conhecimento Social, ambas instituições sem fins lucrativos.


De acordo com a pesquisa, 54% dos usuários do WhatsApp participam de grupos de família, 53% de grupos de amigos e 38% de grupos de trabalho. Apenas 6% afirmam integrar grupos específicos de debate político — número inferior ao registrado em 2020, quando esse percentual era de 10%.


Ao analisar o conteúdo compartilhado nesses grupos, os pesquisadores identificaram uma redução significativa na circulação de mensagens sobre política, políticos e governo entre 2021 e 2024. Nos grupos de família, a proporção de pessoas que relatavam a presença frequente desse tipo de conteúdo caiu de 34% para 27%. Nos grupos de amigos, a queda foi ainda mais acentuada, de 38% para 24%. Já nos grupos de trabalho, o índice recuou de 16% para 11%.


O estudo reúne depoimentos de participantes, preservando o anonimato. Uma mulher de 50 anos, moradora de São Paulo, relatou que o grupo da família evita deliberadamente o tema. “Acho que todos têm um senso autorregulador ali, e cada um tenta ter bom senso para não misturar as coisas”, afirmou.


A pesquisa foi realizada de forma online, entre 20 de novembro e 10 de dezembro de 2024, com 3.113 pessoas com 16 anos ou mais, de todas as regiões do país.


Medo de se posicionar


O levantamento mostra que o receio de emitir opiniões políticas é generalizado. Pouco mais da metade dos entrevistados (56%) disse ter medo de se manifestar “porque o ambiente está muito agressivo”. Esse sentimento aparece de forma semelhante entre pessoas que se identificam como de esquerda (63%), de centro (66%) e de direita (61%).


Uma entrevistada de 36 anos, de Pernambuco, relatou que o clima dificulta qualquer tentativa de debate. “Às vezes você fala alguma coisa e é mais complicado, o pessoal não quer debater, já quer partir para a briga”, disse.


Segundo os autores do estudo, consolidou-se um comportamento de evitação de conflitos. Os dados indicam que 52% dos entrevistados se policiam cada vez mais sobre o que dizem nos grupos, enquanto 50% evitam falar de política no grupo da família para escapar de discussões. Cerca de 65% afirmam evitar o compartilhamento de mensagens que possam ferir valores de outras pessoas.


Ainda de acordo com a pesquisa, 29% dos participantes já deixaram grupos em que não se sentiam à vontade para expressar opiniões políticas. “Muita briga, muita discussão, propaganda política, bateção de boca”, relatou uma entrevistada que optou por sair de um desses espaços.


Estratégias e afirmação de posicionamento


Apesar do cenário de cautela, o estudo identificou que uma parcela dos usuários mantém uma postura mais assertiva. Do total de entrevistados, 12% afirmam compartilhar conteúdos considerados importantes mesmo que possam gerar desconforto, e 18% dizem expressar suas ideias mesmo correndo o risco de parecer ofensivos.


Entre os 44% que se sentem seguros para falar sobre política no WhatsApp, algumas estratégias são adotadas: 30% utilizam mensagens de humor para abordar o tema, 34% preferem discutir política em conversas privadas, e 29% falam apenas em grupos formados por pessoas com visões semelhantes.


“Eu gosto de discutir, mas individualmente. Não gosto de expor isso para todo mundo”, contou um entrevistado de 32 anos, do Espírito Santo.


Amadurecimento no uso do aplicativo


Uma das autoras do estudo, a diretora do InternetLab, Heloisa Massaro, avalia que o WhatsApp está profundamente integrado ao cotidiano das pessoas e reflete dinâmicas semelhantes às do convívio presencial. Segundo ela, ao longo dos anos, os usuários desenvolveram normas próprias para lidar com a comunicação política, especialmente nos grupos.


“O que observamos é um amadurecimento no uso. As pessoas se policiam mais e constroem uma ética de convivência nesses espaços”, afirmou. O estudo é realizado anualmente desde o fim de 2020.


A pesquisa contou com apoio financeiro do WhatsApp. Segundo o InternetLab, a empresa não teve qualquer ingerência sobre o conteúdo ou os resultados do levantamento. com informações Agência Brasil


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