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Prefeitura promove curso de ética para servidores, enquanto população segue à espera de atendimento digno

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • há 17 horas
  • 2 min de leitura

A Prefeitura de Barra Mansa realizou nesta sexta-feira (23) mais uma daquelas ações que parecem pensadas mais para render manchetes do que para gerar resultados efetivos. Servidores da Secretaria de Finanças e da Fábrica de Óculos participaram de um curso de “Capacitação em Ética Pública”. Isso mesmo: em pleno 2025, ainda é necessário ensinar servidores públicos que devem, pasmem, atuar dentro da lei, com respeito, postura e compromisso.


Durante o evento, o presidente da Comissão Permanente de Ética Pública, Joel Valcir Pereira, afirmou que o objetivo é garantir que “o contribuinte receba um serviço de melhor qualidade”. Uma fala que, no mínimo, soa desconectada da realidade. Se é preciso reforçar o básico — como agir com legalidade e tratar bem quem paga impostos —, o que isso diz sobre a atual gestão?


O gerente de Atendimento e Arrecadação da Secretaria de Finanças, Juliano Alves, também destacou que os servidores devem pautar suas ações por “valores sólidos e integridade”. Frases bonitas, perfeitas para alimentar releases oficiais e redes sociais da prefeitura, mas que não encontram respaldo na rotina de quem enfrenta filas, descaso e uma burocracia que só cresce.


E aqui cabe uma pergunta que, curiosamente, não apareceu no conteúdo da capacitação: é ético, por exemplo, nomear a própria esposa para cargo na prefeitura? É compatível com os princípios da moralidade administrativa manter o sogro em cargo comissionado, dentro da mesma estrutura de governo? Se a ética é realmente levada tão a sério, como justificar práticas que flertam diretamente com o nepotismo — ainda que, na letra fria da lei, sejam muitas vezes disfarçadas ou empacotadas dentro de brechas jurídicas?


O problema é que, enquanto os servidores assistem palestras sobre legalidade e boa conduta, a população segue lidando com a realidade de sempre: longas esperas, serviços ineficientes, sistemas que não funcionam e uma gestão pública que parece mais preocupada em maquiar seus próprios problemas do que em enfrentá-los de verdade.


Ética, legalidade e respeito ao cidadão não deveriam ser temas de capacitação pontual. Deveriam ser o alicerce diário de qualquer administração pública séria. No entanto, quando quem ocupa o topo da gestão não dá o exemplo, resta à população assistir, de camarote, ao velho jogo do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.


Fica a reflexão — e a cobrança: a ética que se exige do servidor da ponta também deve valer para quem nomeia, para quem contrata e para quem governa.


Foto Paulo Dimas


 
 
 

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