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Bolsonaro lidera novo ato na Paulista pedindo anistia e tenta consolidar sucessores para 2026

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • 6 de abr.
  • 3 min de leitura

São Paulo – 6 de abril de 2025 — Menos de duas semanas após virar réu por participação em uma suposta tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) volta às ruas neste domingo com um novo ato na Avenida Paulista, em São Paulo. A mobilização tem como foco a defesa da anistia para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, além de funcionar como vitrine para nomes da direita que podem herdar seu legado político na disputa presidencial de 2026.


Entre os presentes estão quatro governadores cotados para suceder Bolsonaro: Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Jr. (PR) e Ronaldo Caiado (GO). Desses, apenas Tarcísio esteve no ato anterior, realizado em março, em Copacabana. Outros governadores também devem marcar presença, totalizando sete chefes de Executivo estaduais. Cláudio Castro (PL-RJ), no entanto, cancelou sua ida ao evento para acompanhar de perto os desdobramentos das chuvas no Rio.


O ex-presidente deve encerrar os discursos a partir das 16h, em cima de um trio elétrico posicionado em frente ao MASP. A fala de Bolsonaro deve repetir o tom mais moderado adotado no Rio, com foco na anistia e menos ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal (STF). Essa parte, mais incisiva, ficará a cargo do pastor Silas Malafaia, um dos principais articuladores do protesto.


A manifestação busca pressionar o Congresso Nacional a votar, em caráter de urgência, o projeto de anistia para os condenados pelos atos golpistas de 2023. A proposta, no entanto, encontra resistência entre parlamentares e está atualmente parada na Câmara dos Deputados.


Com forte apelo à base conservadora feminina, o ato também marca o retorno público de Michelle Bolsonaro. Ela convocou as mulheres a comparecerem usando batons, em alusão ao caso da cabeleireira Débora Rodrigues Santos, presa após pichar a estátua da Justiça, em Brasília. Um batom inflável de seis metros será erguido na avenida como símbolo do protesto.


Analistas apontam que a presença feminina é estratégica. “É uma tentativa de suavizar a imagem do movimento e trazê-lo para o campo dos direitos humanos e da liberdade de expressão”, afirmou a cientista política Júlia Almeida.


Além de Michelle, nomes como os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Caroline de Toni (PL-SC), Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a deputada Priscila Costa (PL-CE), e o senador Rogério Marinho (PL-RN) estão escalados para discursar. A abertura será feita com uma oração de Priscila, seguida pelos demais parlamentares, incluindo a vice-prefeita de Dourados, Gianni Nogueira, apoiada por Bolsonaro para o Senado em 2026. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também terá espaço para falar, reforçando sua articulação rumo ao governo paulista.


Tarcísio de Freitas será o único governador a discursar. Ele deve adotar um tom conciliador, exaltando o ex-presidente, como fez no ato anterior: “O Brasil era diferente, a gente tem que voltar a caminhar pela prosperidade. A gente precisa de um grande líder e esse líder é Jair Messias Bolsonaro.”


Nos bastidores, aliados próximos de Tarcísio já tratam como certa sua candidatura ao Planalto, ainda que o governador negue publicamente. A proximidade com Bolsonaro se intensificou nos últimos meses, especialmente após o ex-presidente passar a frequentar com assiduidade o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.


Para evitar que a chuva esvazie a manifestação, os organizadores montaram tendas para cobrir os trios e pediram que os discursos sejam curtos, com no máximo três minutos. Até o momento, nenhuma estimativa oficial de público foi divulgada, ao contrário do ato em Copacabana, quando Bolsonaro projetava um milhão de pessoas, mas o Datafolha contou cerca de 30 mil.


O evento na Paulista representa mais do que uma defesa da anistia: é uma tentativa clara de Bolsonaro de manter-se como figura central da direita brasileira e de começar a moldar o cenário para as eleições de 2026, mesmo inelegível. Ao lado de possíveis sucessores, ele testa forças e reorganiza seu campo político para o próximo embate eleitoral.


 
 
 

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