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Dinheiro no sapato, malas pela janela e milhões desviados: o escândalo que envolve aliados do deputado Elmar Nascimento

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • há 3 horas
  • 2 min de leitura

Campo Formoso, no interior da Bahia, virou palco de mais um episódio grotesco da política nacional. Durante a quinta fase da Operação Overclean, deflagrada nesta quinta-feira (17), a Polícia Federal encontrou R$ 10 mil escondidos dentro de um sapato na casa do vereador Francisco Nascimento (União), o Francisquinho. Pode parecer cena de filme pastelão, mas é a dura realidade da corrupção institucionalizada no Brasil.


Francisquinho, que já havia protagonizado um espetáculo vexatório ao jogar pela janela uma mala com mais de R$ 200 mil em dezembro de 2024, agora volta ao noticiário como personagem central de um esquema que une licitações fraudulentas, desvio de emendas parlamentares e lavagem de dinheiro. E o rastro da sujeira aponta diretamente para o coração do Centrão.


O vereador é primo do deputado federal Elmar Nascimento (União-BA), uma das figuras mais influentes do bloco que sustenta o governo federal no Congresso. O prefeito de Campo Formoso, Elmo Nascimento — irmão do deputado — também foi alvo de mandados de busca e apreensão. São laços familiares, políticos e financeiros entrelaçados num projeto de poder que parece pouco interessado no bem público.


Segundo a PF, os desvios giram em torno de convênios firmados entre a prefeitura e a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), uma empresa pública que há tempos vem sendo loteada por interesses políticos. A licitação fraudada em 2023, fruto de emendas parlamentares indicadas por Elmar Nascimento, é apenas a ponta visível do iceberg.


A operação, que envolveu ações em cinco cidades baianas, além de Brasília e Petrolina, bloqueou R$ 85,7 milhões em bens dos investigados e afastou preventivamente um servidor público. Marcelo Moreira, ex-presidente da Codevasf, também foi alvo da PF. Seu pai acabou preso por posse de arma com registro vencido. Um enredo que mistura corrupção, pistolões e desprezo pela lei.


Enquanto isso, a Codevasf se limita a divulgar notas de “compromisso com a integridade” e “colaboração com as autoridades”, embora seja cada vez mais evidente que se tornou uma máquina de distribuição de recursos públicos para interesses paroquiais — e privados.


O que se vê em Campo Formoso é mais do que um caso isolado. É o retrato de um sistema político que se alimenta do dinheiro das emendas parlamentares, transformando obras públicas em moeda de troca para garantir apoio e reeleição. A corrupção se esconde em malas, sapatos, licitações, e nos bastidores de Brasília.


O mais grave é que, apesar das provas, da reincidência dos investigados e do envolvimento direto de pessoas ligadas ao deputado Elmar Nascimento, ele continua incólume, protegido pela blindagem do foro privilegiado e pela conveniência de seus aliados. Até quando o Brasil aceitará esse tipo de liderança como “articulador político”?


A Operação Overclean expõe não apenas os crimes cometidos, mas também o modelo político que os permite. O nome da operação, aliás, soa quase como ironia. “Overclean”, em tradução livre, seria “excessivamente limpo”. Mas a sujeira institucional é tanta que nem os sapatos escapam.


 
 
 
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