Eduardo Paes já não vê mais sentido em carregar o PT no governo
- Marcus Modesto
- há 10 horas
- 2 min de leitura
A relação entre Eduardo Paes e o PT na Prefeitura do Rio parece ter chegado ao limite da exaustão. A infidelidade reiterada da bancada petista na Câmara de Vereadores levou o prefeito a uma conclusão que, até pouco tempo, parecia impensável: tirar o partido da administração municipal.
Nos bastidores do Palácio da Cidade, ninguém mais faz esforço para esconder a insatisfação. A avaliação consolidada é que a presença do PT, longe de fortalecer a gestão, virou fonte permanente de desgaste político, sem qualquer retorno eleitoral concreto — nem agora, nem no horizonte.
A cena que selou o esgotamento dessa relação foi protagonizada nesta quinta-feira, durante a tentativa de votação do projeto que prevê o armamento da Guarda Municipal. A movimentação de Maíra do MST e Leonel de Esquerda, que não hesitaram em se aliar ao bolsonarismo da Câmara para sabotar a proposta, foi recebida como traição aberta. A gota d’água.
“Essa aliança já não faz mais sentido”, resumiu um interlocutor do primeiro escalão da prefeitura. E a conta é simples: além de conviver com os desgastes naturais de uma associação com o governo Lula — que amarga índices pouco generosos de aprovação na capital fluminense —, Paes ainda assiste, sem disfarçar a frustração, ao fato de seu PSD não ocupar sequer um puxadinho no governo federal no Rio. A tão sonhada reciprocidade, ao que tudo indica, não passa de miragem.
É um contrassenso visível. Mesmo sendo o único prefeito de capital no eixo Sul-Sudeste a apoiar Lula, Paes não se vale da estrutura do PT para transitar em Brasília. Não precisa — e talvez nem queira. Fala diretamente com o presidente, sem intermediários petistas, o que só torna ainda mais dispensável a permanência do partido na máquina municipal.
Hoje, o PT ocupa duas pastas de peso: a Secretaria de Habitação, sob comando da vereadora Tainá de Paula, e a de Assistência Social, nas mãos de Adilson Pires. O rompimento, cada vez mais inevitável, abre espaço para uma reforma administrativa com objetivos claros: reconfigurar o tabuleiro, atrair novas forças e costurar alianças mirando a sucessão estadual. E, desta vez, sob um pacto real de compromissos — algo que o PT, na prática, nunca entregou.
A pergunta que fica é: quem perde mais com esse divórcio? Paes, ao que parece, já tem sua resposta.

Comments