Pesquisa revela isolamento do clã Bolsonaro e reforça desafio de romper bolha eleitoral
- Marcus Modesto
- há 2 horas
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A nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quinta-feira, expôs um dado preocupante para o grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro: o clã familiar lidera o ranking de rejeição entre todos os nomes avaliados para a corrida presidencial de 2026. Jair, Michelle e Eduardo Bolsonaro figuram no topo da lista dos que “não teriam o voto dos eleitores em nenhuma hipótese”, o que reforça o isolamento político do grupo e a dificuldade de crescer além da própria base ideológica.
Segundo o levantamento, Jair Bolsonaro tem 60% de rejeição, percentual que se mantém estável mesmo após dois anos fora do poder. O ex-presidente ainda conserva uma parcela fiel do eleitorado — 36% dizem que poderiam votar nele —, mas não demonstra capacidade de atrair novos apoios. Sua imagem segue fortemente associada à polarização e à radicalização do discurso político, fatores que mantêm sua rejeição em patamar alto e constante.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que tenta construir uma imagem política própria, não escapa do mesmo desgaste. Com 61% de rejeição, ela supera o próprio marido nesse quesito, o que indica que sua tentativa de se projetar como um rosto “mais leve” do bolsonarismo ainda encontra resistência. O índice de 28% de intenção de voto mostra que, apesar da exposição e do apoio da base evangélica, sua viabilidade eleitoral segue limitada.
Já o deputado federal Eduardo Bolsonaro enfrenta o pior cenário dentro da própria família: 67% dos eleitores afirmam que não votariam nele em hipótese alguma. O número reflete o acúmulo de declarações polêmicas, confrontos institucionais e a falta de moderação no discurso político, fatores que ampliaram o desgaste de sua imagem até entre eleitores de direita mais moderados.
Em contraste, a pesquisa mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem rejeição de 53%, menor que a dos três Bolsonaros, ainda que também elevada. A diferença, contudo, indica que Lula ainda preserva um campo de diálogo mais amplo com o eleitorado, enquanto o clã Bolsonaro se mantém preso ao radicalismo e à retórica de confronto.
Os números da Genial/Quaest reforçam uma realidade incômoda para o bolsonarismo: o capital político herdado de 2018 se desgasta rapidamente, e a estratégia de manter o país dividido entre “nós e eles” parece ter chegado ao limite. Com rejeição acima de 60% entre os principais expoentes do grupo, a família Bolsonaro entra em 2026 mais cercada do que nunca — sem sinais de que conseguirá romper a bolha que ela mesma ajudou a criar.
