Rui Costa critica ato bolsonarista no 7 de Setembro e questiona uso da bandeira dos EUA
- Marcus Modesto
- há 4 horas
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O último feriado da Independência escancarou mais uma vez a polarização política do país. Enquanto o governo federal promovia em Brasília uma cerimônia oficial com a palavra de ordem “Brasil Soberano”, a Avenida Paulista foi palco de um ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A manifestação contou com aliados como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo), além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Mas o que mais chamou a atenção foi a exibição da bandeira dos Estados Unidos em pleno Sete de Setembro. O gesto gerou reação imediata do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que classificou a cena como um símbolo de contradição e submissão.
— Nunca vi, na história da humanidade, políticos que, no dia da independência de um país, erguessem a bandeira de outra nação, justamente uma nação que adotou medidas para destruir empregos, empresas e a economia do Brasil. Nunca vi nada parecido — declarou em entrevista à Rádio Jacobina FM.
O paradoxo do patriotismo seletivo
Para Rui Costa, a presença da bandeira norte-americana expõe de que lado cada liderança política se coloca. Segundo ele, Bolsonaro e seus apoiadores transformaram símbolos nacionais em instrumentos de uso pessoal, enquanto exaltam interesses externos.
A crítica ganha peso quando se lembra que os Estados Unidos — país celebrado no ato — recentemente impuseram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros durante o governo Donald Trump. Medida que atingiu em cheio exportações e setores da indústria nacional, com impacto direto na geração de empregos.
Ou seja: erguer a bandeira de uma nação que prejudica a economia brasileira no dia da independência é, no mínimo, um contrassenso.
Um contraste de narrativas
Em Brasília, o governo Lula tentou marcar posição com um Sete de Setembro institucional, pautado por soberania, nacionalismo e apelo à unidade. Já em São Paulo, a oposição buscou transformar a data em palanque político, reforçando o culto à figura de Bolsonaro e a retórica de confronto com o atual governo.
O episódio deixa claro que o embate político no Brasil extrapola discursos e chega ao terreno simbólico: enquanto de um lado se exalta a bandeira verde e amarela como representação de soberania, do outro se ergue a bandeira de uma potência estrangeira, em plena celebração da independência nacional.
A independência em disputa
O 7 de Setembro, que deveria ser um momento de união nacional, segue sequestrado por disputas partidárias e narrativas de guerra cultural. A crítica de Rui Costa, mais do que uma fala isolada, aponta para uma questão maior: que independência estamos celebrando quando parte da classe política prefere levantar a bandeira de outro país?
