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Violência paralisa saúde pública e expõe ausência do Estado no Rio

  • Foto do escritor: Marcus Modesto
    Marcus Modesto
  • há 4 dias
  • 2 min de leitura

O Rio de Janeiro vive mais uma face brutal de sua crise urbana: a saúde pública nas favelas e periferias está sendo sistematicamente interrompida pela violência armada. Segundo levantamento da própria Secretaria Municipal de Saúde, clínicas da família e centros municipais foram obrigados a fechar 853 vezes apenas no primeiro trimestre de 2025. Isso significa, em média, nove unidades de saúde paralisadas por dia. Nove comunidades sem atendimento básico, sem vacinação, sem acompanhamento de gestantes ou pacientes crônicos. Nove territórios à mercê da sorte — ou do crime.


As interrupções seguem um protocolo de segurança adotado pela prefeitura, acionado sempre que há tiroteios, operações policiais ou disputas entre facções. Mas o que deveria ser uma medida emergencial está virando rotina. Em alguns pontos da cidade, como em Marechal Hermes, a suspensão virou permanente. Em outros, como na Vila Kennedy, a unidade fecha antes do pôr do sol, numa adaptação trágica à lógica imposta pelas armas.


O secretário de Saúde, Daniel Soranz, foi direto ao afirmar que a cidade vem perdendo território para o tráfico. Mas a constatação não pode se limitar ao discurso: é inadmissível que, em pleno 2025, unidades de saúde precisem recuar como se estivessem em zona de guerra, enquanto o poder público assiste, inerte, à consolidação do domínio paralelo nas favelas.


A ausência do Estado é visível, concreta e silenciosa. E onde o Estado não chega, o crime impõe sua ordem. A população paga com a vida — ou com a perda dela aos poucos, sem atendimento, sem prevenção, sem dignidade.


O fechamento das unidades de saúde é mais que um problema operacional. É um retrato claro de um território em disputa, onde o direito básico à saúde cede espaço ao medo. E enquanto essa realidade se naturaliza, o Rio mergulha ainda mais fundo em seu próprio abandono.


 
 
 

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